Vira e mexe chega a notícia sobre algum conhecido que morreu de Covid-19. Aí então a memória acende a recordação de quem se foi e a imensa tragédia – os números aqui no triste Brasil são apocalípticos – ganha um nome, um rosto. Nesses momentos é possível imaginar a dor de tantas famílias enlutadas. A palavra cabível é imaginar: só quem enfrenta a sensação da perda é que sabe, de fato, dimensionar. Semana que vem completa-se um ano que começaram as medidas mais restritivas. Mas, até agora, não há nenhuma perspectiva de a pandemia acabar.
A
boa notícia do dia é que a prefeitura encaminhou para o Legislativo o projeto
de lei que autoriza a compra de vacinas pelo Executivo feirense. A compra será por
meio do consórcio liderado pela Frente Nacional de Prefeitos. Não vi nenhuma
informação sobre quantas doses de imunizantes a prefeitura pretende comprar.
Pelo menos 1,7 mil municípios – incluindo Salvador – já aderiram à iniciativa.
Sem
governo em Brasília – os brasileiros vão morrendo aos milhares sob a absoluta
indiferença da trupe encastelada no Planalto Central – resta aos prefeitos o
recurso desesperado deles mesmos se organizarem, assumindo uma função que
caberia ao letárgico Ministério da Saúde. É salutar que a prefeitura da Feira
de Santana integre a iniciativa.
É
bom lembrar que a situação no município é muito delicada, apesar da tudo estar
aberto, funcionando, como se nada estivesse acontecendo. As medidas adotadas
até aqui – incluindo o toque de recolher à noite – parecem pouco efetivas para
conter a disseminação do novo coronavírus. Os números divulgados diariamente –
aliás, muito eloquentes – ajudam a entender o cenário dramático.
Para
começar, todos os leitos da rede pública estão com taxa de ocupação de 100%. Ou
seja: é bom não adoecer, porque não há vaga disponível. Há quase 1,7 mil casos
ativos da doença. Este número é assustador pelo que revela, mas também pelo que
não revela: quantas pessoas mais estão por aí, infectadas, circulando pela
cidade, ajudando a disseminar a Covid-19? Muitas, provavelmente. É notória a
subnotificação no Brasil e na Feira de Santana não é diferente.
Também
hoje (09) foram confirmadas mais cinco mortes. Todas essas informações são
oficiais, da Secretaria Municipal da Saúde. Mesmo assim, prevalece a lógica do
lucro sobre a vida e medidas mais severas – e necessárias, segundo renomados especialistas
– são postergadas.
Medidas
restritivas funcionam no curto prazo, impedem mais internações e mortes. Mas a
solução, no longo prazo, é a vacinação em massa da população. Já há aí números
promissores relacionados à população mais idosa, que está sendo vacinada. É
necessário avançar na pressão para que toda a população seja imunizada o mais
breve possível. Aqui – é bom sempre lembrar – há pouca cobrança e nenhuma
pressão.
Mas,
apesar de toda a tragédia, só de fala do ex-presidente Lula, de Jair Bolsonaro,
do embate eleitoral de 2022 que se avizinha...
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