Basta circular um pouco pelas vias centrais da Feira de Santana para perceber como há comércio fechado. A situação, que já não era boa desde a crise de 2015/2016, desandou de vez com o começo da pandemia, há um ano. É desolador ver portas fechadas com a pintura já se desfazendo pela ação do tempo; fachadas nuas, sem os tradicionais painéis e, até mesmo, com painéis que acumulam sujeira, desbotam sem cuidado e sob a ação implacável do sol da Princesa do Sertão. Quantas empresas – formais e informais – faliram desde o começo da pandemia? Quantos trabalhadores estão agora por aí, sem ocupação?
Por
outro lado, os avisos de “vende” e “aluga” se multiplicaram espantosamente. Há
até prédios inteiros à disposição de improváveis interessados. Afora os
recentes empreendimentos – salas comerciais, pequenas lojas – que foram
lançados na expectativa de uma retomada que não aconteceu. Alvejados pela
pandemia, os empreendedores tentam despertar a atenção da clientela com
cartazes aflitos, apelativos.
Nestes
tempos de insensatez, há quem defenda tudo aberto, funcionando como se nada
estivesse acontecendo. Além do elevado custo em vidas – projeções científicas
apontam a quantidade de mortos superior a um milhão – o resultado,
provavelmente, seria pífio: nem todo mundo quer arriscar-se só para sustentar a
aparente normalidade defendida por lunáticos, candidatos a tirano e gente que
só pensa em lucro.
A
grave questão econômica, porém, é incontornável. Países que valorizam suas
instituições, planejam e se orientam pela ciência elaboraram planos de médio
prazo para enfrentar a crise. Aqui no Brasil de Jair Bolsonaro, o “mito”, não há
nada disso. Prevalece a fé pagã no “deus mercado”, que ajustará tudo, conduzido
o brasileiro ao paraíso liberal que fica logo ali na esquina. O preço da
omissão – inevitável – virá no pós-pandemia.
Por
enquanto, o País arca com o preço da pandemia, que recrudesce. Não há
planejamento – essencial para organizar as atividades, adquirir vacinas,
garantir leitos para os doentes –, nem liderança, nem rumo. Alguns, otimistas,
toda hora veem o “mito” enquadrando-se, encarando a catástrofe de frente, nem
que seja só para tentar se reeleger em 2022. Bobagem: não faltam demonstrações
de que o “mito” é indiferente à morte de brasileiros, nem tem condições de
liderar o que quer que seja.
O
paradeiro e o desânimo no centro da Feira de Santana atestam este cenário caótico.
Sobretudo depois do fim do auxílio emergencial, que só retorna no fim de março,
com valores ridículos. Só o otimismo inconsequente da turma do “mito” enxerga
retomada, crescimento econômico até o fim de 2021. Os mais sensatos só enxergam
retomada de fato a partir de 2023. Provavelmente, sem o “mito” na presidência
da República.
Mas,
antes, mesmo com o “mito”, é necessário enfrentar o imenso desafio de imunizar
os brasileiros para que a retomada seja segura...
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