Lá fora, às vezes, prevalece um silêncio denso. Mas é mais comum a quietude ser rompida, em intervalos curtos, pelos sons de motores, pelas buzinas estridentes, pelos latidos distantes – quase fantasmagóricos – de um cachorro qualquer. Pela rua, quase ninguém: às vezes um retardatário apressado, até surpreso com a desolação. Nesta noite de segunda-feira, o feirense parece que mergulhou mais no clima do toque de recolher. É a primeira em que a medida foi antecipada para as 20 horas.
Desde
o começo da pandemia morreram 524 pessoas na Feira de Santana com suspeita ou
confirmação de Covid-19. Os números são da Central de Informação de Registro
Civil – CRC e podem ser conferidos no endereço https://transparencia.registrocivil.org.br/especial-covid.
Caminha-se, aos poucos, para as 600 mortes. Isso vai significar que, de cada
mil feirenses, um terá morrido de Covid-19 desde o ano passado.
A
média móvel de mortes, segundo a mesma fonte, é de dois. A situação já andou
pior em relação a este indicador: chegou a quatro entre meados de julho e o
começo de agosto. Mas caiu para um no começo de fevereiro e voltou a subir. Com
o aumento no número de internados – e de pacientes em estado grave – uma nova
elevação não pode ser descartada mais à frente.
Apesar
dos números, a virada do Flamengo sobre o Internacional no domingo (22) pelo
Campeonato Brasileiro foi bastante celebrada aqui na Feira de Santana. Em ruas
com concentração de bares houve aglomeração, parecia prévia da Micareta. É até
dispensável observar que pouca gente usava máscara. O cenário funesto da
segunda onda, pelo visto, não vem sensibilizando mais tanta gente.
O
toque de recolher vai ser suficiente para impedir o temido estrangulamento da
rede hospitalar? Quem vai responder serão os números dos próximos dias. E,
embora a campanha de vacinação tenha começado, especialistas advertem que os
efeitos demoram algum tempo para ser percebidos. E é bom ressaltar que a
vacinação é a conta-gotas, já que o governo de Jair Bolsonaro, o “mito”, não
está nem aí para a vida do brasileiro e, lá atrás, não tratou de providenciar
as vacinas.
Mês
que vem completa-se um ano que as medidas mais restritivas contra a pandemia
começaram a ser adotadas no Brasil. É duro suportar tantas restrições, tantos
cuidados, tantas dificuldades. Mas o pior é acompanhar o noticiário e perceber
que, neste País, tudo indica que o horror ainda vai se arrastar por muito
tempo...
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