No rural feirense prevalecem os cultivos de
subsistência – feijão, mandioca e milho –, típicos do semiárido, embora haja
uma rica, mas nem tão expressiva diversidade na agricultura local. É o que
apontam os dados do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) realizado ano passado, mas cujos resultados foram divulgados
nos últimos meses. Em textos anteriores já se ressaltou a importância dessas
informações para a construção de políticas para o campo.
Segundo o levantamento, 3.029
estabelecimentos – do total de 9.191 mapeados na Feira de Santana – plantaram
milho à época do Censo. Eles colheram um milhão de toneladas, numa área
plantada de 2,7 mil hectares. É muito mais que o milho forrageiro, cuja
colheita somou 127,8 toneladas, sendo plantado em 62,9 hectares de apenas 24
estabelecimentos.
A quantidade de estabelecimentos aonde se
plantou feijão também foi expressiva: 3.702. A produtividade, porém, não foi tão
expressiva: 287 toneladas colhidas em 1,9 mil hectares plantados. O feijão
fradinho vem logo na sequência: 160,7 toneladas colhidas. O agricultor feirense
também cavoucou a terra para colher feijão verde (43,7 toneladas) e até feijão
preto (1,9 tonelada).
Com relação à mandioca – e ao aipim e à
macaxeira – houve plantio em apenas 794 estabelecimentos. E os demais números
não foram lá muito animadores: 605 toneladas colhidas em 489,5 hectares
plantados. Nesse e noutros cultivos, o desempenho se deveu às chuvas escassas –
não caíram as tradicionais trovoadas – que afetaram todo o Nordeste nos últimos
anos.
Cajueiros
O feirense residente no campo também gosta de
se dedicar à abóbora. Em 1.427 estabelecimentos foram colhidas 841,9 toneladas,
cujo plantio se estendeu por 473 hectares. O produto é frequente nas mesas
feirenses e pode ser encontrado com ampla diversidade pelas feiras-livres da
cidade, sobretudo no Centro de Abastecimento.
Mas há, também, algumas curiosidades,
inclusive estatísticas. O caju – típico do verão feirense, com ampla oferta nos
janeiros antecedidos por trovoadas – só é cultivado em seis estabelecimentos
com mais de 50 pés, totalizando 0,58 tonelada colhida. O número frio, porém,
contrasta com os cajueiros que emolduram a paisagem do rural feirense.
Numericamente, é pouco numa cidade em que o
caju é empregado para a preparação do suco gelado, para o doce em calda e até
para acompanhar generosas doses de aguardente nas incontáveis biroscas
feirenses. Mas é que os cajueiros se distribuem em propriedades que harmonizam
diversas culturas, incluindo aí o pé de caju. Então, dificilmente há dezenas de
plantas numa só propriedade.
Coqueiros,
mangueiras e jaqueiras
Os coqueiros costumam ser associados a
Salvador e ao infindável litoral baiano, mas estão muitos presentes também na
Feira de Santana. Pelos bairros feirenses que abrigam quintais, é possível
enxergar a planta esguia, elegante, balançando ao vento. Os dados do Censo
Agropecuário indicam que 26 propriedades – todas com mais de 50 coqueiros –
produzem impressionantes 303,1 mil cocos. Mas essa presença é muito mais viva,
conforme se vê.
A mangueira – também muito fácil de ver,
mesmo nos dias atuais – só foi registrada em uma propriedade com mais de 50
árvores. Pior é a situação da jaqueira, que costuma produzir sombras deliciosas
mesmo nos dias de calor intenso: o Censo não registra a produção do fruto na
cidade, embora também se notem espécimes pelo município. É, novamente, o efeito
dos 50 pés.
Enfim, a Feira de Santana não produz boa parte
daquilo que consome, mas a condição de entreposto comercial assegura aos
feirenses a oportunidade de adquirir ampla variedade de frutas, verduras e
legumes nas feiras-livres e mercados da cidade. É uma condição privilegiada,
embora sigam lamentáveis as condições de comercialização nas feiras-livres da
cidade.
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