Falta cerca de um mês
para o Natal. E, pelo jeito, os brasileiros – e feirenses – seguem pouco envolvidos
pela celebração do nascimento de Jesus Cristo e nada contaminados pela ânsia
consumista que caracteriza o período. Isso, a propósito, já há alguns anos:
desde, pelo menos, 2015, quando eclodiu a terrível crise econômica que, até
agora, dá poucos sinais de que esteja arrefecendo. Sem dinheiro, é mais difícil
render-se ao espírito da fraternidade de mercado, tão comum naquele frenético
soluço de prosperidade que arrebatou os brasileiros há alguns anos.
O prolongado engasgo
recessivo atirou cerca de 13 milhões de brasileiros no desemprego. Muita gente
migrou para a informalidade – com rendimentos menores e mais precariedade – e,
por essa razão, está consumindo menos. Isso sem contar aqueles que enfrentam
congelamento de salários – como os servidores públicos baianos – ou que,
simplesmente, só conseguiram emprego com salários mais baixos.
Tudo isso impacta
sobre o consumo interno, ainda mais numa época em que – por excelência – se
compra mais. Daí a ausência da ostensiva decoração natalina, dos apelos das
propagandas, das previsões otimistas de quem contabiliza os ganhos do comércio,
dos serviços e da indústria. Atravessaremos mais um “natal da lembrancinha”,
conforme se tornou corriqueiro.
Em 2018, porém, há
algo diferente no roteiro: nos anos anteriores projetava-se a retomada do
crescimento logo para o ano seguinte; previa-se a geração de milhões de
empregos; apostava-se em crescimento do Produto Interno Bruto – o PIB – num
ritmo promissor. Nada disso se confirmou, mas pouca gente – além da imprensa –
comprava essa pule.
Agora nem essa pule se
vende mais: as eleições de outubro sacramentaram a derrocada da “Nova
República” – baqueada pelo impeachment
de Dilma Rousseff (PT) em 2016 – e, com a ascensão da extrema-direita, as
incertezas se avolumam, já que as expectativas sobre o futuro, certamente, não
são como já foram no passado. Por isso nem mesmo essa cantilena otimista se
repete mais.
Liberalismo?
Uma sufocante agenda
moral prevaleceu durante todo o processo eleitoral. Só que uma sociedade
precisa de muito mais do que isso para crescer, gerar riquezas, novos postos de
trabalho e desenvolvimento. Até aqui, pouco se falou sobre isso, além de se
repisar um liberalismo primitivo, quase místico. E alguns sinais preliminares
são muito preocupantes.
Em poucos dias, quem
acompanha o noticiário se espantou com as bordoadas distribuídas na China –
maior parceiro econômico brasileiro – na vizinha Argentina, nos demais integrantes
do Mercosul e, também, nos países muçulmanos. É grande o fluxo de exportações
brasileiras para essas nações. Desavenças só podem acarretar instabilidade e
piorar a já grave situação econômica do País.
Os mais otimistas
enxergam nisso resquícios do clima eleitoral, da polarização que cindiu a
sociedade brasileira. E veem o novo governo, no início do mandato, se ajustando
aos imperativos da democracia e do comércio internacional. Tomara que estejam
certos. Porque, se estiverem errados...
A economia do
Nordeste – incluindo aí a Bahia – foi muito mais afetada pela crise econômica
legada pela dupla Dilma Rousseff/Michel Temer. É necessário, portanto, começar
a gerar postos de trabalho para que, pelo menos, se retorne num intervalo mais
curto àqueles patamares de 2013, quando se vivia sob relativa pujança. Para
isso, as bravatas são dispensáveis: é preciso planejamento e ação.
Quem observa a Feira de
Santana com atenção percebe como, por aqui, a qualidade de vida das pessoas decaiu
desde o início da recessão. Milhares de desempregados, muita gente sem
benefícios sociais – cortados sob o emedebismo – e sabe Deus quantos se virando
como podem. Para esses, não bastam as bravatas e as
polêmicas em redes sociais.
Comentários
Postar um comentário