Poucos
lugares refletem tanto a pujança comercial e a vocação para o mercadejar –
característico de Feira de Santana – como o bairro Cidade Nova. Aqui é possível
encontrar o comércio sob suas múltiplas dimensões: lojas que oferecem produtos
diversificados, agências bancárias, lotéricas, bares, restaurantes, pizzarias e
uma grande diversidade de serviços que tornam dispensável o deslocamento para o
centro da cidade. Tudo isso gravita em torno da feira-livre do bairro, hoje uma
das mais tradicionais da cidade.
A
feira-livre é o ápice dessa vocação comercial. Aos domingos, é possível
encontrar uma ampla variedade de produtos: frutas tradicionais, como a banana,
a laranja, mas também a maçã e as uvas produzidas na região do São Francisco; o
tomate, o pimentão e a cebola, indispensáveis no preparo da comida dos baianos,
além de todo o leque de tempero verde – coentro, cebolinha, couve, hortelã e
salsa – expostos em balaios atrativos.
Quem
circula encontra também o caldo de cana, servido com gelo e canudo plástico; e
o coco verde – gelado ou não – cujas vendas se estendem nas cercanias pela
semana inteira, sobretudo no verão ou nos dias de sol abrasador, que por aqui
costumam acontecer até mesmo no inverno. Não falta quem interrompa as compras
para se refazer bebendo o líquido gelado.
Mas
para quem deseja viver o ambiente da feira-livre o grande atrativo são os boxes
construídos há alguns anos pela prefeitura. Neles, muita gente bebe a cerveja
gelada que alivia o calor e põe o papo em dia nas rodas de conversa; outros
devoram pratos-feitos – é possível encontrar do frango ao mocofato, do bife ao
sarapatel – e há quem se aventure petiscando a carne que vai para as churrasqueiras
metálicas.
Festa
Visitantes
desavisados não deixam de confundir esse movimento com
uma festa: há ampla diversidade musical – poucos abrem mão de ouvir seu gênero
favorito amplificado por poderosos aparelhos de som – e o ir-e-vir, a conversa
descontraída, as generosas quantidades de cerveja e de comida dão, de fato, a
sensação de que as celebrações individuais constituem um amplo festejo
coletivo.
A
sensação festiva do domingo de feira na Cidade Nova começa na tarde de sábado,
quando os feirantes vão aparecendo aos poucos, transportando os produtos que
serão ofertados à clientela. Já há quem transite pelas cercanias, quem aventure
tragos largos ao som do arrocha, do pagode ou do samba-de-roda. Às vezes, a
manhã de domingo surpreende noctívagos que emendam a farra com a feira.
Durante
a semana, porém, o bairro recupera sua sobriedade habitual. Nela, há o trânsito
de quem se aventura pelo comércio local examinando produtos, aproveitando ofertas,
contribuindo para dinamizar a economia do bairro. Não há, apenas, moradores da
Cidade Nova: gente do Parque Ipê, do Campo Limpo e até do Feira 6 opta pela
comodidade das compras perto de casa.
Enfim,
o bairro Cidade Nova é o retrato da pujança comercial da Feira de Santana.
*Texto originalmente publicado no jornal Digaí Cidade Nova
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