Contrariando
algumas expectativas, a Quarta-Feira de Cinzas foi muito tranquila na Feira de
Santana. No início da manhã o movimento se limitou à afluência dos católicos
para as missas que marcaram o começo da Quaresma. O tema da Campanha da
Fraternidade, como sempre, não podia ser mais oportuno: as Políticas Públicas. Cabível
em qualquer época, mas sobretudo agora, quando o Estado brasileiro aderna sob
uma das maiores crises gerenciais de sua História.
Pelas
ruas da Feira de Santana havia uma quietude pouco comum. As clínicas
permaneceram vazias; as repartições municipais exibiam avisos orientando sobre
o funcionamento a partir das 13 horas; pelas lojas, escassos clientes para os
comerciários que trabalharam, já que parte do comércio também não funcionou
pela manhã.
Ali
na Bernardino Bahia faltou a lufa-lufa habitual dos feirantes: muitos
compareceram para oferecer seus produtos, mas diversas barracas não
funcionaram; pelos becos no entorno do Mercado de Arte alguns proseavam pelas
mesas, mas a demanda por refeições também foi mais escassa. Havia quem somente fumasse
e saboreasse um café.
Até
na Sales Barbosa o trânsito foi fluido: as aglomerações e o empurra-empurra
habituais cederam lugar a uma pasmaceira que lembra a antiga via de décadas
atrás, silenciosa, com raros passantes. Agitadas só as vozes dos que anunciavam
produtos para quem circulava, despreocupado.
Peixe
O
cheiro do peixe cozido – indispensável na dieta do católico nessa data – lá por
volta do meio-dia atraía transeuntes, houve quem se abancasse para comer pelas
barracas que servem refeições. Ventiladores ligados nos boxes que exibem roupas
multicoloridas sinalizavam para o ar abafado logo no início da tarde. Quem não
tinha o que fazer conversava, tranquilo, aguardando movimento.
Imensas
nuvens encardidas, plúmbeas, ocuparam o céu no início da manhã. Caiu até uma
garoa muito suave pela Maria Quitéria, que durou um fugaz par de minutos. Mas,
depois, o vento dissipou as nuvens e um azul de quase-outono prevaleceu.
À
tarde a grande novidade foi um sol menos ardente, mais cálido, quase caricioso;
e um vento úmido, fresco, coisa rara nesses meses de verão abrasador. É o
prenúncio do outono? As águas de março que fecham o verão ainda não se
precipitaram, pelo menos não na intensidade que o sertanejo anseia. Mas já se pressente
a nova estação no ar.
Enfim, a luz mais colorida,
o sol mais amistoso, o vento que soprou à tarde, resgatando lembranças de uma
Feira que teima em sobreviver na memória, já são presságios da próxima estação,
que se retarda por apenas mais 15 dias. Infelizmente, é querer demais que a
Quaresma e o outono diluam o metafórico ar empestado que estacionou sobre o
País...
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