Começaram
a ser divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) os
números referentes ao Censo Agropecuário realizado em 2017. Os dados são essenciais para que os governos das três esferas – Federal,
Estadual e Municipal – elaborem suas políticas, mas são também muito
importantes para acadêmicos, estudiosos do tema, para a imprensa especializada
e até mesmo para o cidadão que deseja se manter informado sobre o seu
município. Uma leva de informações sobre a Feira de Santana já está disponível
e pode ser consultada.
Os
pesquisadores, em suas andanças pelo rural feirense apuraram, por exemplo, que
existem exatos 9.191 estabelecimentos agropecuários nos limites do município. O
produtor individual – sobretudo o agricultor familiar – é, de longe, a forma
mais comum encontrada: são 6.647 unidades nessa condição. Isso representa mais
de dois terços dos produtores ou 72,32% do total.
O
amplo arranjo que reúne condomínio, consórcio ou união de pessoas vem na
sequência, com 2.518 registros, ou 27,39% do universo apurado. As demais
condições legais são – quantitativamente – quase irrelevantes: distribuem-se
entre cooperativas (apenas duas), sociedades anônimas ou por cota de
responsabilidade limitada (nove) ou outra condição que não foi especificada no
levantamento (15).
Todo
mundo sabe que o campo é um reduto reconhecidamente machista, patriarcal até.
Pois bem: pelo que sinaliza o Censo Agropecuário, essa realidade é bastante diferente
na Feira de Santana: as mulheres estão à frente de exatos 5.104 (ou 55,53%) dos
estabelecimentos; eles vêm relativamente bem distantes: são 4.061, ou 44,18%.
Em 26 unidades pesquisadas a distinção não é aplicável.
Escolaridade
Quem
vive no campo tem pouca escolaridade, é o que afirma o senso comum. Pelo menos
no caso feirense, há razão no raciocínio: entre aqueles que estão à frente dos
estabelecimentos rurais feirenses, 1.573 (17,11%) nunca frequentaram a escola;
outros 1.600 (17,40%) estacionaram na alfabetização; e 1.974 (21,47%) não foram
além do antigo primário, o atual primeiro ciclo do Ensino Fundamental.
Em
relação a quem foi mais adiante nos estudos, boa parte estacionou apenas no
regular do Ensino Fundamental (o antigo 1º grau): 1.001 (10,89%) ou no antigo
ginasial (841), o que corresponde a 9,15% do universo. Somando tudo, percebe-se
que mais de três quartos dos proprietários rurais feirenses têm menos de oito
anos de estudo.
Há,
claro, gente letrada, mas quantitativamente é um número insignificante: 236 têm
diploma de nível superior e 3 exibem títulos de mestre ou de doutor.
Seguramente, é gente que fez o caminho inverso da trajetória histórica,
migrando das tensas zonas urbanas para o campo.
Faixa Etária
Outro
raciocínio derivado do senso comum – e que também encontra amparo na realidade
feirense – é que, na zona rural, vivem os idosos, pois os jovens migram para as
cidades em busca de oportunidades. Por aqui, 5.328 proprietários – 57,96% - têm
idade que varia entre 30 anos e 60 anos. Não se trata, portanto, de gente
jovem, que está começando a vida.
Os
idosos também constituem fatia importante dos proprietários: são 3.344 – 36,38%
- e situam-se na faixa etária acima dos 60 anos. Há, apenas, 493 proprietários
com idade inferior a 30 anos, o que equivale a 5,3% do universo pesquisado.
Informações do gênero constituem importantes
referências para se pensar políticas para a população do campo. É a partir
desses dados que se pode aprimorar a oferta de educação e saúde, por exemplo,
ou pensar fórmulas para a oferta de crédito, capacitação e infraestrutura
produtiva. Embora menos rico do que já foi no passado – o governo de Michel
Temer encurtou o questionário alegando escassez de recursos – o Censo
Agropecuário segue como insumo indispensável para se pensar o rural brasileiro
– e feirense.
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