Vive-se
tempos de debates apaixonados, mas, em muitos casos, sem o amparo de números
que garantam consistência aos argumentos. As informações disponibilizadas pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, em seu site, ajudam a
entender a realidade de cada município brasileiro. Inclusive aquelas
relacionadas à qualidade de vida, tema recorrente nos dias atuais. A quantas
anda, por exemplo, essa qualidade de vida na Feira de Santana? A análise de
alguns dados permite deduções interessantes.
Como
todo mundo percebe circulando pela cidade, a arborização na Feira de Santana é
uma lástima. O IBGE considera que 48,3% das vias atende esse requisito, ou
seja, dispõe de algum arbusto para enfeitar a estatística. Na comparação, até aqui
por perto, na microrregião, o município passa vergonha: é vigésimo num universo
de 24 municípios; na Bahia, é o 321º entre 417; e, no Brasil, o vexame é muito
maior: estamos num deplorável 4.188º lugar entre 5.570 municípios.
Muitas
ruas – sobretudo na periferia – dispõem de, no máximo, uns poucos pitorescos fícus. Ao meio-dia, eles projetam uma
sombra acanhada à sua volta. No entorno, o calor abrasador envolve tudo. Mesmo
assim, esses arbustos modestos impedem que a avaliação da Feira de Santana seja
ainda mais desfavorável. A cidade, até hoje, não dispõe sequer de um parque
digno desse nome.
O
desempenho é, relativamente, menos vergonhoso em relação à urbanização de vias
públicas. O índice alcança aqui na cidade 17,1%. Alguns requisitos são
necessários para atender essa exigência: presença de bueiro, calçada,
pavimentação e meio-fio. Como se sabe, é difícil passar por alguma via que
atenda a todas essas condições. Um dos maiores transtornos, inclusive, são as
calçadas.
Mesmo
assim, na microrregião, o município é o 2º entre 24. No estado, cai para um
constrangedor 88º lugar naquele universo de 417 municípios; e, no Brasil, como
sempre, fica bem mais trás: 2.099ª posição entre as 5.570 cidades. No conjunto,
nem é tão vergonhoso assim, mas estamos distantes dos padrões das cidades de
mesmo porte, muito mais estruturadas.
Houve
significativos avanços em relação ao esgotamento sanitário desde a primeira
metade da década passada. Só que os desafios ainda são imensos. Mas, enfim, é um
item no qual o município se destaca na microrregião: somos os primeiros num
universo de 24. Mesmo assim, na Bahia, fica para trás: apenas na 65ª posição
num universo de 417, como convém lembrar. No Brasil, estacionamos na 1.824ª posição
naquele rol de mais de cinco mil cidades.
Nos
períodos chuvosos – essa semana mesmo caiu um temporal – o problema costuma
despertar atenção, em função dos transtornos provocados. Mas, mesmo quando não
chove, na periferia distante, os esgotos escorrendo a céu aberto permanecem
como um constante espetáculo às avessas. Basta uma visita rápida para
constatar.
Não é por falta de
informação que não se fazem boas gestões na administração pública. Podem-se
buscar explicações noutros fatores. As informações estão aí, à disposição, ao
alcance de alguns cliques. Os dados indicados acima evidenciam aquilo que um
clássico jargão técnico classifica como “oportunidade de melhoria”.
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