É visível que, nos últimos dias, cresceu a adesão à
candidatura de Jair Bolsonaro (PSL). Isso pode ser verificado inclusive aqui,
na Feira de Santana. Nessa fria campanha eleitoral – a propaganda pelas ruas,
de uma forma geral, foi muito morna – percebe-se que cresceu a quantidade de
adesivos nos carros que circulam pela cidade. Há quem use camiseta e surgiram,
até mesmo, comitês espontâneos de apoiadores. Mas o candidato turbinou sua campanha
foi pelas redes sociais, particularmente pelos aplicativos de celular, de
enorme apelo popular.
Fala-se, inclusive, na possibilidade do capitão reformado
sacramentar a vitória logo no primeiro turno, diante da inesperada arrancada
dos últimos dias. A hipótese é considerada remota – faz exatos 20 anos que o
Brasil não elege um presidente no primeiro turno – mas começou a preocupar
lideranças petistas. É o que noticia a imprensa, nesses dias que antecedem o
primeiro round eleitoral.
Refém da imagem de Lula (PT) – encarcerado em Curitiba desde
abril – o petista Fernando Haddad se movimenta com pouca desenvoltura nesse
primeiro turno, apesar da vertiginosa transferência de intenção de votos do
líder petista encarcerado. Note-se que, além dos votos, Lula transferiu uma sólida
rejeição não apenas à sua figura, mas também ao próprio PT. É o que sinalizam
as pesquisas até o momento.
Parece que todo o imbróglio da candidatura de Lula alvejou o
ânimo petista para se engajar na disputa presidencial. Pelo menos aqui na
Bahia. Afinal, percebe-se pouca gente pedindo voto, exibindo adesivos,
empunhando bandeiras e cabalando votos pelas ruas, conforme sempre foi tão
comum na trajetória da legenda.
E as
propostas?
Por outro lado, o clima permanece quente no meio digital. O bombardeio
de parte a parte – sobretudo no faroeste das redes sociais – camufla o mais relevante
da campanha eleitoral: o debate de ideias e a apresentação de propostas. Imerso
na mais profunda crise econômica de sua História recente, o País – com base no
que se vê na propaganda eleitoral – parece navegar em bonança, já que os
candidatos preferem se dedicar a picuinhas e a exaltar os seus feitos.
O que se vê é assustador: questionam-se direitos
trabalhistas – férias e o décimo terceiro salário entraram na mira do vice de
Bolsonaro, general Hamilton Mourão –, defendem-se privatizações radicais sem
estudos que amparem a medida – só a fé religiosa num liberalismo místico – e, o
que é pior, não há nenhum vestígio de medidas que, efetivamente, garantam a
retomada do crescimento econômico. É o que se vê na extrema-direita.
Já os petistas, pelo jeito, parecem dispostos a investir na
receita ruinosa de Dilma Rousseff. Afinal, apostam numa política de gastos
agora, contando com aumentos futuros de arrecadação que cubram os rombos
estratosféricos. No mais, segue-se louvando a Era Lula, como se a eleição de
Haddad conduzisse o País, automaticamente, àquele pretenso idílio, que antecedeu
a recessão em curso.
Nesse diapasão, quando as radiosas manhãs e tardes de
janeiro chegarem – em pleno esplendor do verão – o brasileiro provavelmente vai
descobrir que avalizou um salto no escuro. Isso apesar de toda a luz tropical,
típica do período.
Mas
aí já vai ser muito tarde.
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