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Começam especulações sobre as eleições 2020

Antes mesmo da realização do segundo turno das eleições presidenciais já começaram as especulações para as eleições municipais de 2020. Falta muito tempo ainda: são pelo menos dois anos e dois meses de gestão; ou seja, mais da metade de um mandato. Até lá, muita coisa deve acontecer neste Brasil cada vez mais imprevisível. E esses acontecimentos, sem dúvida, vão influenciar nas realidades locais.
É precipitado, portanto, o esforço para ir desenhando cenários, mapeando potenciais pré-candidatos, visualizando tendências que estão longe de se confirmar. Indagado, o ex-prefeito José Ronaldo de Carvalho (DEM) – principal liderança política local – preferiu desconversar. A prudência é cabível: afinal, faltam dois anos até as eleições.
Supreendentemente, apesar do longo intervalo, o petê já começou a se movimentar. Foi o que se percebeu com o inesperado anúncio de que lideranças políticas locais – incluindo o deputado estadual Carlos Geilson (PSDB), que não se reelegeu – estão migrando para a base do governador reeleito Rui Costa (PT). O que explica o movimento? Provavelmente, o anseio do petismo de arrebatar a prefeitura da cidade.
José Ronaldo de Carvalho capitaneia uma das mais extensas hegemonias eleitorais do Brasil atual, em nível municipal. É que, desde 2001, está à frente da prefeitura da Feira de Santana – foram quatro eleições – ou elegeu seu indicado, como ocorreu com Tarcízio Pimenta (DEM), em 2008. Em todas as ocasiões, venceu logo no primeiro turno.
Talvez isso explique o esforço, imensamente antecipado, do petismo baiano. São poucas as cidades do estado que, desde 2006, não estiveram sob a órbita da legenda, que venceu as últimas quatro eleições estaduais. Pelo jeito, o petê pretende ajustar a estratégia e redobrar esforços, convertendo antigos adversários, como faz desde que chegou ao poder na Bahia.
Nem sempre isso dá certo e, quando dá, às vezes o futuro reserva perversas ironias. É o caso do “chapão” petista que elegeu mais de 20 deputados federais: nele estão parlamentares de legendas que, pelo jeito, logo adiante, vão estar compondo a base de Jair Bolsonaro (PSL), eleito presidente no domingo (28). É a suprema bazófia com o eleitor: vota sinalizando uma direção e acaba – involuntariamente – elegendo aquilo que até lhe desperta ojeriza.
Esses comentários circulam ali no estacionamento da prefeitura, sob os oitizeiros, nas mesas dos restaurantes do Mercado de Arte Popular, nos corredores apinhados do Centro de Abastecimento nas manhãs de sábado. As eleições – sobretudo a local – eletrificam o eleitor que se movimenta à cata de novidades, mesmo com o longo intervalo até lá.

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