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Mostrando postagens de março, 2019

Bahia de Feira confirma favoritismo e Fluminense surpreende e elimina Vitória

Pouca gente apostava no Fluminense de Feira na rodada de domingo (17) do Campeonato Baiano. Precocemente eliminada, a equipe ia apenas cumprir tabela contra um Vitória a um passo da classificação para as semifinais da competição. O jogo foi no estádio Barradão. Surpreendentemente, o time feirense foi melhor, conseguiu impor um 2 a 0 e, de quebra, eliminou a equipe rubro-negra e ajudou a aprofundar a crise administrativa na qual mergulhou o Leão da Barra. A vitória tem importância maior porque não é lá muito comum o Fluminense conseguir vencer o adversário no Barradão. O último triunfo tinha sido há quase dez anos: em 25 de março de 2009, o time feirense venceu por 2 a 1, também pelo Campeonato Baiano. De lá para cá, acumulou derrotas e empates eventuais. Mas, pelas circunstâncias, o triunfo do domingo teve sabor especial. Faz tempo que o Fluminense não vence o Vitória por dois gols de diferença em Salvador. A última vez aconteceu no longínquo 22 de janeiro de 1983, pela Taça de Pr

Papo de dois feirenses sobre a crise

- O Fies não vai a cabar nunca! - Não vai? Já está acabando! Esse ano já diminuiu bastante! Essa peleja eu testemunhei no centro da Feira de Santana. O primeiro interlocutor entrou em êxtase logo após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Apostava naquele Brasil diferente que as mídias sociais do candidato anunciavam e defendia a “nova política” com ardor. Pelo jeito, suas convicções sofreram abalos consideráveis. Afinal, já abandonou a defesa enfática. O segundo, desde sempre, é um intrépido defensor dos governos lulistas. Coube a ele o desfecho do papo: - Tudo o que existe para o pobre vai acabar! Negro, pobre, morador da Rua Nova e torcedor do Fluminense de Feira, ele enumera sem dificuldade os benefícios da era petista para os mais pobres: a ampliação do Fies, os programas habitacionais, as políticas de transferência de renda – sobretudo o Bolsa Família – e os reajustes do salário-mínimo. Recita sem pestanejar porque foi aquilo que o beneficiou mais diretamente. Ou a seus

Alguns indicadores da qualidade de vida na Feira

Vive-se tempos de debates apaixonados, mas, em muitos casos, sem o amparo de números que garantam consistência aos argumentos. As informações disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, em seu site, ajudam a entender a realidade de cada município brasileiro. Inclusive aquelas relacionadas à qualidade de vida, tema recorrente nos dias atuais. A quantas anda, por exemplo, essa qualidade de vida na Feira de Santana? A análise de alguns dados permite deduções interessantes. Como todo mundo percebe circulando pela cidade, a arborização na Feira de Santana é uma lástima. O IBGE considera que 48,3% das vias atende esse requisito, ou seja, dispõe de algum arbusto para enfeitar a estatística. Na comparação, até aqui por perto, na microrregião, o município passa vergonha: é vigésimo num universo de 24 municípios; na Bahia, é o 321º entre 417; e, no Brasil, o vexame é muito maior: estamos num deplorável 4.188º lugar entre 5.570 municípios. Muitas ruas – sob

Massacre será usado como pretexto para armar a população?

Nesta quarta-feira (13), dois jovens – um deles adolescente – entraram armados em uma escola de Suzano (SP) e mataram, a tiros, oito pessoas. Chocado pela tragédia, o brasileiro que acompanha o noticiário ainda teve que digerir as declarações dos atuais mandatários do País. Na era petista, qualquer derrapada era tratada com debochado estardalhaço. Agora, acumulam-se absurdos em série, sem reações, como se o despreparo de quem conduz o país fosse algo perfeitamente natural. O primeiro a se manifestar foi o vice-presidente da República, o general da reserva Hamilton Mourão. Insinuou que os “videogames” podem ter inspirado os assassinos. E sobre o acesso às armas? Disse que não eram legais e, portanto, o decreto assinado por Jair Bolsonaro (PSL), facilitando o acesso às armas, não tinha influência. Um militar de São Paulo, neófito no Senado, recorreu a absurdo maior: disse que, caso os professores estivessem armados – ou outro servidor qualquer –, a tragédia não teria acontecido. Pel

Em Feira, já se vê pré-campanha pela cidade

“Fulano 2020” ou “Beltrano vem aí”. Adesivos do gênero já estão colados nos vidros de veículos que circulam pela Feira de Santana. Obviamente, manifestam intenções eleitorais vindouras. E não são exclusividade dos postulantes à Câmara Municipal daqui, mas também de municípios vizinhos. Quem conta nos dedos se espanta: faltam longos 19 meses até a boca da urna. Mais de um ano e meio. À primeira vista, é muita antecipação, sobretudo porque quem venceu as eleições de outubro passado mal tomou posse. Para completar, o Carnaval de 2019 foi tardio. Até domingo passado houve desfiles e apresentações de artistas em algumas cidades, prolongando o clima de folia e retardando o simbólico – e folclórico – início do ano. As mudanças recentes na legislação eleitoral talvez ajudem a explicar essa afobação. Acabaram, por exemplo, as coligações proporcionais. Consórcios partidários, a partir daqui, estão vetados: cada legenda que saia sozinha, tentando eleger o maior número possível de vereadore

Bahia de Feira desponta e Fluminense decai

À primeira vista, o Campeonato Baiano 2019 – o “Baianinho”, que se estenderá, esse ano, por pouco mais de dois meses – está repleto de emoções. Afinal, os dois primeiros colocados são o Bahia de Feira e o Vitória da Conquista, duas equipes do interior; na sequência, aparecem o Vitória – mergulhado numa das maiores crises administrativas de sua história recente – e, fechando o grupo dos que se classificam para a próxima etapa, o Atlético de Alagoinhas. Só na quinta colocação aparece o Bahia, o atual campeão. O cenário é menos empolgante do que aparenta. Rebaixado para a Série B do Brasileiro ano passado, o Vitória vive um momento deplorável; e o Bahia – que não foge do padrão das exibições sofríveis – disputa a competição com uma equipe mista, sob o pretexto de que, neste início do ano, está envolvido em quatro competições. De uma delas – a Copa Sul-Americana – até já se despediu, eliminado por uma obscura equipe uruguaia. Agenda cheia, porém, não é pretexto para futebol medíocre.

Faces do aquecimento global na Feira

- Nunca tinha visto um temporal desses em minha vida – reagiu um morador do distrito da Matinha, depois da tempestade com rajadas de vento que caiu na localidade no mês de fevereiro. Foi imediato o sucesso das imagens da ventania nas mídias sociais. Efetivamente, foi uma tempestade impressionante. Semelhante, inclusive, à que desabou sobre a Feira de Santana logo na sequência, um ou dois dias depois. Os efeitos foram dramáticos: alagamentos, lama inundando casas, móveis destruídos, construções danificadas. O que espantou, na ocasião, foi a escala dos estragos. Há uns poucos dias uma te mpestade de raios desabou sobre o centro da cidade e nas cercanias. Choveu forte, mas rápido e quem circulou pelas estreitas artérias comerciais se espantou com a quantidade de raios. Os mais cautelosos não dispensaram o abrigo até o fenômeno se dispersar. As chuvas torrenciais e os raios são fenômenos pontuais. A constante é o calor indescritível que se arrasta desde meados do ano passado, com tr

Crônica da Quarta-Feira de Cinzas feirense

Contrariando algumas expectativas, a Quarta-Feira de Cinzas foi muito tranquila na Feira de Santana. No início da manhã o movimento se limitou à afluência dos católicos para as missas que marcaram o começo da Quaresma. O tema da Campanha da Fraternidade, como sempre, não podia ser mais oportuno: as Políticas Públicas. Cabível em qualquer época, mas sobretudo agora, quando o Estado brasileiro aderna sob uma das maiores crises gerenciais de sua História. Pelas ruas da Feira de Santana havia uma quietude pouco comum. As clínicas permaneceram vazias; as repartições municipais exibiam avisos orientando sobre o funcionamento a partir das 13 horas; pelas lojas, escassos clientes para os comerciários que trabalharam, já que parte do comércio também não funcionou pela manhã. Ali na Bernardino Bahia faltou a lufa-lufa habitual dos feirantes: muitos compareceram para oferecer seus produtos, mas diversas barracas não funcionaram; pelos becos no entorno do Mercado de Arte alguns proseavam pela

Agenda econômica vai atropelar pauta de costumes?

- A Globo é comunista, de esquerda. Por isso que passa essas novelas com mulher beijando mulher. Essa frase eu ouvi ali no Feira 6, durante um almoço. Três mulheres conversavam na mesa vizinha. Uma delas discorria sobre o comunismo e, obviamente, espinafrava os petistas. Empregava a expressão “comunista” com ampla desenvoltura. Deduzi que, para ela, “comunismo” é tudo aquilo que a incomoda e que a desconforta. Um conceito elástico, que pode servir para rotular muita coisa. - Não tenho nada contra, não, mas esse negócio de mulher beijando mulher e homem beijando homem na televisão não está certo. Votei em Bolsonaro para acabar com isso. Flagrei esse diálogo entre um sujeito que aguardava ônibus no Corredor da Vitória, em Salvador, e um vendedor de frutas. Apesar do reparo, parecia indignado com esse papo de liberdade de expressão e, sobretudo, com o direito do outro de exercer a própria sexualidade. Julgava que esses casais tinham que se beijar às esco ndidas. Tanto a comensal

O recesso carnavalesco e a ânsia mercantil da Feira

O comércio feirense vai ficar três dias sem funcionar durante o Carnaval. A suspensão começa no domingo (03) e se estende até a terça-feira (05). Noutros tempos, arriscava-se a abertura das lojas às segundas-feiras, mas a prática vem caindo em desuso. É que muita gente viaja no período para aproveitar o fim da temporada de veraneio. E quem potencialmente viria de fora costuma se deparar com as dificuldades de deslocamento num período em que todo mundo se volta para os festejos momescos. O resultado costumava ser lojas vazias e comerciários entediados. Mas quem vive na Feira de Santana – e costuma extrair seu sustento do comércio – preserva uma ânsia mercantil que é difícil de conter nesse período. Basta circular pelas ruas comerciais da cidade nos dias de feriado para perceber que sempre há gente por lá: um muda uma porta metálica, outro faz um reparo qualquer, alguns fazem faxina e, às vezes, aparece quem dê uma repaginada no seu comércio. Parecem atletas no aquecimento, preparan

Patriotadas são as únicas medidas para a educação

Seria melhor dedicar esse espaço para explorar o cotidiano feirense. O calor insano dos últimos dias, por exemplo, é um tema interessante. Afinal, estamos às portas de março e as manhãs e tardes seguem abrasadoras, escaldantes. Às vezes, é comum a sensação de se estar mergulhado numa gigantesca fornalha. Como é que os feirenses lidam com as altas temperaturas? Que estratégias são utilizadas para se expor o mínimo ao sol no dia a dia? Eis duas indagações que merecem alguma atenção. Só que as bizarras novidades do Planalto Central brotam nas telas dos aparelhos eletrônicos com frequência absurda nos dias atuais. Apesar da intenção de se abordar a rotina da cidade, as vexatórias medidas do novo regime impõem-se no debate. Não há como contorná-las. Uma das últimas – outras barbaridades já vieram na esteira na sequência – foi a cobrança de que professores, estudantes e funcionários cantassem o Hino Nacional nas escolas, no primeiro dia de aula. Mais: que fosse filmada a cena e encaminh

Sem rumo, governo segue investindo em factóides

Gostaria muito de estar enganado, mas noto que o governo Jair Bolsonaro (PSL-RJ) não tem nenhum projeto claro para a geração de emprego e renda para os brasileiros que estão desempregados. Ganhou a eleição pregando o ódio contra o PT, a imprensa, a esquerda e mais um monte de gente, que é até ocioso ficar citando. E não passou disso: segue aboletado no palanque, governando na base das mensagens nas badaladas redes sociais, fustigando adversários reais e imaginários. No máximo, encaminhou uma draconiana reforma da Previdência para o Congresso Nacional. E acredita que, aprovando-se a matéria, o capital estrangeiro vai despejar ininterruptos jatos de dinheiro nesse país tropical, induzindo um duradouro ciclo de prosperidade. Como medida complementar, bastarão as privatizações irresponsáveis e sem critério. A encenação parece uma cerimônia grotesca de magia, típica dos ignorantes. Infelizmente, em economia, crença e fé são recursos de pouca valia. Se pronunciar as palavras certas, enc

Entusiasmo bolsonarista já arrefece em Feira

Aqui na Feira de Santana começaram a rarear os entusiastas do polêmico presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Logo depois das eleições era comum ver gente exibindo, orgulhosa, camisetas da Seleção Brasileira, bandeiras brasileiras em janelas e adesivos da campanha eleitoral em carros. Postavam-se como arautos da “nova política” – uma era sem corrupção, com menos Estado e exalando uma pretensa pureza moral –, mas a pose se liquefez no calor de janeiro, logo após os primeiros trombaços. O punho cerrado com o indicador e o polegar esticados – a “arminha” que embalou as eleições e que, há dias já, vem servindo de mote para o deboche nas redes sociais – rareou, pelo menos entre seus acólitos. Quem fazia o gesto e olhava em volta com ar desafiador está mais manso, alquebrado até. Alguns felizardos proprietários de possantes caminhonetes seguem entusiasmados com o novo regime, já que ostentam o adesivo mesmo desbotado pela ação do tempo. Gente mais modesta – com antiquíssimos carros popular

Carnaval se aproxima e laranjais podem inspirar marchinhas

- Laranja madura na beira da estrada... É antiga essa canção. Ouvi muito na minha infância já distante. Mas é ainda mais antiga: coisa dos anos 1950, talvez, porque na interpretação original o cantor tem vozeirão empostado, típico daqueles tempos que antecederam a Bossa Nova. Só que, hoje, caso algum cantor resolva recauchutá-la, ajustá-la ao ritmo de marchinha carnavalesca – o Carnaval começa semana que vem – tem chance boa de fazer sucesso. Não só de laranjas e laranjais é feito o cenário político brasileiro no momento. Há também uma badalada goiabeira. Não é à toa que as metáforas frutíferas vêm explicando bem o Planalto Central do Brasil nesse turbulento 2019. Muitos se divertem à larga nas redes sociais – devolvendo as caneladas virtuais sofridas quando os chacareiros metafóricos estavam em ascensão – mas o cenário é muito preocupante. Num dia, um agudo surto liberal leva à notícia da abolição das taxas de importação de derivados do leite; no outro recuam frente à avalanche

“Nova Previdência” é genocídio do idoso pobre

Em meio aos laranjais em flor, o governo protocolou ontem (20) a famigerada reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Os financistas aboletados no Ministério da Economia conseguiram elaborar uma proposta muito mais lesiva aos interesses dos trabalhadores que o governo anterior, o de Michel Temer (MDB-SP), o mandatário de Tietê. Na ocasião, o polêmico presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou que errou ao não apoiar a reforma quando era deputado, no governo anterior. Alguns ladinos enxergaram nobreza na afirmação, no reconhecimento de um erro e exultaram. Prefiro a interpretação das ruas, sem esses salamaleques dos janotas: espertalhão, Bolsonaro falou o que a patuleia queria ouvir durante a campanha eleitoral e criticou a aposentadoria tardia; depois, aplicou uma rasteira sórdida, adotando a proposta dos entusiastas do “deus mercado”. Manobra digna do mitológico Macunaíma. Não deixa de ser uma versão pouco letrada do “esqueçam o que escrevi”, do ex-presidente Fernando Hen

Verão de manhãs e tardes abrasadoras

As últimas noites foram de relâmpagos intensos e muito frequentes na orla do céu da Feira de Santana. O espaço de abrangência foi imenso: estendia-se ali do oeste, aonde o sol se põe – como incandescente esfera de cobre – nos dias de céu sem nuvens até o nordeste da cidade. Nuvens escuras, gigantescas, acumulavam-se no horizonte e estacavam. E mais tarde se dispersavam, como se uma barreira invisível impedisse que chegassem à zona urbana. Ontem (19) uma lua cheia, deslumbrante, despontou logo cedo, a leste, horas depois da chuva breve que caiu. Algumas nuvens diáfanas, às vezes, envolviam o astro, diluindo seus contornos. Mas, logo mais, ressurgia o disco lunar que contracenava com os raios, distantes, que foram se tornando mais espaçados, até desaparecer. Ninguém ouviu trovão: sinal que a tempestade desabava, furiosa, mas distante, incapaz de romper a barreira imaginária que a mantinha afastada da cidade. Mas não deixou de ser belo o espetáculo silencioso da luz metálica iluminan

Trinta anos do Bahia campeão brasileiro

O 15 de fevereiro de 1989 – há exatos trinta anos – foi numa quarta-feira. Aquele verão foi radioso, escaldante. Nos crepúsculos de poucas nuvens, um vermelho vívido tingia o poente. E havia as cigarras magistrais com sua sinfonia profunda, melancólica. Eram incontáveis, porque os quintais daqueles tempos eram arborizados e muitas áreas verdes ainda pontuavam a paisagem urbana da Feira de Santana. Mas aquele foi um dia diferente. Apesar do verão e dos afazeres cotidianos, havia uma tensa expectativa no ar. Afinal, à noite, o Bahia de Bobô, Charles, Paulo Rodrigues e Zé Carlos ia encarar o Internacional de Porto Alegre pela primeira partida da final do Campeonato Brasileiro de 1988. Parada dura: no primeiro turno, a equipe gaúcha aplicara 3 a 0 no estádio Beira-Rio. Para completar, o time baiano lidava com um incômodo tabu: em onze jogos oficiais, o tricolor jamais vencera o adversário. Vá lá que, na Feira de Santana, o Bahia disputa com o Fluminense de Feira e com os times carioca

Populismo penal tende a ampliar violência

Semana passada o todo-poderoso ministro da Justiça, Sérgio Moro, anunciou uma série de medidas para combater a criminalidade. O pacote, de imediato, levou ao êxtase os adeptos do populismo penal. Nem é preciso ser jurista para perceber que o que se pretende é ampliar a quantidade de prisões e dificultar a libertação de quem está atrás das grades. As medidas foram esquadrinhadas sob diversas perspectivas, mas pelo menos uma delas passou despercebida. É a ótica do orçamento, dos recursos para sustentar a avalanche punitiva. Há pouco mais de dois anos o governo Michel Temer – debaixo de entusiasmados aplausos – aprovou a PEC do Teto de Gastos, que congelou os gastos da União com custeio, permitindo apenas a reposição da inflação. Agora, para gastar mais numa determinada área, é necessário tirar de outra para compensar. Prender mais gente e manter mais gente presa por mais tempo vai aumentar a população carcerária. Serão necessários mais presídios – e mais vigilância, mais segurança,

Dilemas do trabalhador informal no País em crise

- Olha a água, olha a água, olha a água... O pregão se tornou corriqueiro no verão escaldante de 2019. Não apenas aqui, na Feira de Santana, aonde um enxame de ambulantes se movimenta pelo tumultuado centro da cidade ou em qualquer avenida que disponha de um semáforo para reter motoristas por alguns instantes. Eles estão em incontáveis cidades brasileiras – sobretudo nos grandes centros urbanos – e constituem um exército de dezenas de milhares que tenta garantir o pão em condições absolutamente desfavoráveis. Essa gente tem cor e classe social: costumam ser negros ou pardos, pobres, pouco instruídos, residentes nas favelas ou nas periferias. São sempre homens, mas não é incomum se ver também mulheres que se mexem com insuspeita agilidade entre os automóveis que reluzem sob o sol do verão. Todos, invariavelmente, exibem aquelas garrafas azuladas tentando despertar o desejo de motoristas e transeuntes. Não são apenas os vendedores de água que tomaram ruas, praças e avenidas das ci

2018 não deixará saudades para servidores estaduais

2018 está terminando e vai deixar poucas saudades para os servidores públicos baianos. Sobretudo o mês de dezembro, que reservou surpresas extremamente desagradáveis. Nele, tramitaram e foram votados pelo Legislativo medidas de austeridade que, segundo governistas, eram indispensáveis para manter o equilíbrio das contas públicas da Bahia. Quem folheou o Diário Oficial ao longo do mês, porém, ficou com a sensação de que se recorreu a uma espécie de “austeridade seletiva”, que manteve intocados privilégios de segmentos específicos. A alíquota previdenciária, por exemplo, saltou de 12% para 14%. A proposta do Executivo, além de tramitar com velocidade incomum, foi votada sem qualquer diálogo com o funcionalismo, conforme acusaram os sindicatos e a própria oposição. Há três anos sem reajuste linear, os servidores vão se deparar, agora, com redução do valor do salário líquido, inclusive aqueles com salários menores. Na Bahia, mais de 500 mil pessoas são beneficiárias do Planserv, o pla

Cidade Nova retrata pujança comercial de Feira

Poucos lugares refletem tanto a pujança comercial e a vocação para o mercadejar – característico de Feira de Santana – como o bairro Cidade Nova. Aqui é possível encontrar o comércio sob suas múltiplas dimensões: lojas que oferecem produtos diversificados, agências bancárias, lotéricas, bares, restaurantes, pizzarias e uma grande diversidade de serviços que tornam dispensável o deslocamento para o centro da cidade. Tudo isso gravita em torno da feira-livre do bairro, hoje uma das mais tradicionais da cidade. A feira-livre é o ápice dessa vocação comercial. Aos domingos, é possível encontrar uma ampla variedade de produtos: frutas tradicionais, como a banana, a laranja, mas também a maçã e as uvas produzidas na região do São Francisco; o tomate, o pimentão e a cebola, indispensáveis no preparo da comida dos baianos, além de todo o leque de tempero verde – coentro, cebolinha, couve, hortelã e salsa – expostos em balaios atrativos. Quem circula encontra também o caldo de cana, servid