Servidor
público virou a causa de todas as mazelas que afligem o Brasil. Não são os
políticos corruptos com suas escandalosas malas de dinheiro, não são os “aspones”
que transportam malas regurgitando cédulas a mando dos próceres dos
“quadrilhões”, não são os empreiteiros corruptos que compram – com o próprio
dinheiro público, diga-se de passagem – políticos que, adiante, no exercício do
mandato, vão atender todas as suas exigências com diligente presteza.
Também
não são os parlamentares que – dia sim e outro também – aprovam generosas
renegociações de dívidas que causam espantosos rombos ao erário público. Ou as
bancadas do dízimo, do boi e da bala – que encorpam o festivo
“centrão” – que, sempre à disposição no balcão, votam, aprovam e defendem
qualquer medida, desde que seus interesses pecuniários sejam recompensados.
A
caçada ao funcionalismo público rendeu até uma desonesta propaganda do nocivo
emedebê, que atribui aos servidores a responsabilidade pelas desigualdades no
País. Tudo isso para aprovar a badalada reforma da Previdência, que vai avançar
na supressão dos direitos dos trabalhadores brasileiros.
Até
um mote mentiroso inventaram: o de que a reforma não vai afetar a vida de quem
ganha pouco. Empulhação: a base do cálculo vai ser ampliada, abrangendo todo o
período de contribuição, empurrando o benefício para baixo. Antes, na fórmula
para calcular o benefício, entravam só 80% dos rendimentos, justamente os mais
elevados.
Quem
ganha o mínimo também não tem motivos para sorrir: afinal, lá adiante, nada
garante que não venha aí um brutal arrocho. Sem contar que os infelizes contratados
pelo regime intermitente dificilmente vão ser absorvidos pela Previdência oficial
no longo prazo. Sorrateira, a propaganda mentirosa buscou atrair a simpatia
dessa parcela da população para aprovar a contrarreforma em fevereiro.
Bahia
Mas
o servidor público não está sendo fustigado só com a reforma da Previdência.
Virou moda cassar o reajuste linear que, no papel, é direito do trabalhador. E
isso é pluripartidário: vai do emedebismo em Brasília ou no Rio de Janeiro até
o petismo na Bahia que, desde sempre, alega sintonia e entrosamento com o
trabalhador.
Em
2018, provavelmente, serão três anos sem reajuste linear na Bahia. Coisa de
provocar inveja no sisudo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Aposentados
e pensionistas, coitados, figuram entre as maiores vítimas: os parcos
vencimentos de muitos deles estão se tornando insuficientes para fazer frente à
elevação dos preços do botijão de gás, da energia elétrica, da água e dos
alimentos que subiram após anos de contenção forçada no desastrado mandato de
Dilma Rousseff (PT).
Muitos
deles, idosos, têm que comprar remédios – que sobem todos os anos – e segurar o
rojão dos planos de saúde. Papos informais nas clínicas da cidade evidenciam a
insatisfação tanto com a ausência de aumento salarial – as perdas acumuladas
bordejam os 20% - quanto com as restrições de atendimento no plano de saúde
oficial do Estado.
É muita insatisfação
reprimida pelo brasileiro, em geral, e pelo servidor público, em particular.
Mas ano que vem tem eleição. Há quem já se julgue eleito e há quem se enxergue
como paradigma de uma gestão lapidar. Em outubro do próximo ano veremos se
tanta propaganda realmente contaminou o eleitor, convencendo-o. Ou não.
Comentários
Postar um comentário