A
principal publicação acadêmica sobre Feira de Santana está completando 50 anos
agora em 2018. Trata-se de “Feira de Santana”, do historiador norte-americano
Rollie Poppino. O livro oferece um panorama abrangente sobre a História do
município desde os seus primórdios, com ênfase no intervalo entre 1860 e 1950,
época em que o brasilianista – assim são conhecidos os pesquisadores dos
Estados Unidos interessados pelos temas brasileiros – desembarcou por aqui e
realizou a pesquisa de campo para sua tese de doutorado, que originou o livro.
Provavelmente
restam poucos exemplares da publicação em circulação. Tive a felicidade de
encontrar um deles, em Salvador, numa livraria de shopping, anos atrás. O livro
saiu pela extinta Editora Itapuã, que lançou outras publicações sobre a Bahia,
privilegiando Salvador. Entre os autores da Coleção Baiana, figurava Tales de
Azevedo.
“Feira
de Santana” traz a marca da elevada qualidade historiográfica produzida pelos
norte-americanos. O livro é repleto de dados estatísticos, referências a
jornais, documentos oficiais e estudos acadêmicos produzidos sobre o município.
Embora usados com generosidade, dados e informações não tornam a obra
enfadonha: muito pelo contrário, a leitura é extremamente prezeirosa.
O
autor trafega por temas muito diversos: saúde, educação, administração pública,
economia – destrinchando a incipiente indústria, a pujante pecuária e a
ancestral agricultura – e arrisca-se, inclusive, traçando um interessante
panorama político da Feira de Santana, à época. Estrangeiro, mostrou capacidade
peculiar de captar nuanças e sutilezas da política local.
Reedição
Por
suas grandes virtudes, “Feira de Santana” precisa de reedição. Desconheço outra
publicação que ofereça um panorama tão abrangente e completo sobre o município.
Vá lá que a historiografia mudou e que, hoje, a tendência são os recortes mais
específicos, as abordagens mais focadas. Isso, porém, não invalida a
importância da obra de Rollie Poppino: pelo contrário, eleva-a, confere maior
destaque.
Quem,
em algum momento, se interessou pela História da Feira de Santana certamente
precisou recorrer à obra do “brasilianista” Rollie Poppino. Aqui nesta Tribuna Feirense, por exemplo, muitas
vezes busquei o livro para, recorrendo ao passado, compreender o presente e,
quiçá, tentar divisar o futuro, sinalizar suas tendências.
O
Brasil atravessa uma quadra difícil: o tradicional descaso pelo conhecimento se
transformou em aversão, até mesmo em ódio nos últimos tempos. Talvez defender a
reedição de uma obra seja visto como despropósito por alguns e, por outros, até
heresia. Mas vale a pena insistir porque, lá no futuro, talvez as trevas se
dissipem: é necessário reeditar “Feira de Santana”, de Rollie Poppino.
O jornalista Jânio Rêgo,
cioso das coisas da Feira de Santana, foi o primeiro a atinar para a data
redonda, o cinquentenário do lançamento do livro clássico sobre o município. Aproveitamos,
aqui, a lembrança e rendemos uma modesta homenagem a Rollie Poppino e à sua
obra...
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