Mesmo
com a realização da festejada licitação em 2016, o transporte público em Feira
de Santana segue uma lástima. Vira e mexe, um novo episódio contribui para
tornar ainda pior o que já é muito ruim. É o caso da redução no número de vans
que fazem o transporte para a zona rural do município. A licitação que pretende
viabilizar a medida foi suspensa, mas nada leva a crer que não haja, de fato,
essa redução.
Qualquer
feirense que precisa recorrer ao transporte público pode atestar que o sistema
apresenta inúmeras deficiências: trajetos inadequados, atrasos nos horários, veículos
sujos, além, obviamente, das intermináveis esperas sob o sol escaldante ou sob
as chuvas eventuais. Mais que ocasionais esses embaraços são corriqueiros,
integram a rotina dos feirenses.
Quem
pode, compra carro, moto, aquelas ‘cinquentinhas’ para sair adoidado pelas ruas
da cidade ou, pelo menos, uma bicicleta. Pouco traquejados, muitos contribuem
para tornar o trânsito da cidade o caos que se enxerga todos os dias. Com o
sistema convencional ruim e sem capital para investir no transporte próprio,
muitos recorrem às vans para não perder a aula, o compromisso ou para não
chegar atrasado ao trabalho, que anda escasso.
As
vans são essenciais, sobretudo para quem reside nos distritos e na zona rural.
Ônibus para essas localidades são raros e engessam o deslocamento de quem
precisa de agilidade. Muita gente, pelo caminho, também embarca, já que as
esperas nos pontos – inclusive no perímetro urbano – costumam ser prolongadas.
Redução
Pois
bem: apesar de toda a precariedade, a prefeitura pretendia diminuir o número de
vans em circulação no município pela metade: os 206 veículos seriam reduzidos
para apenas 105. É grande a possibilidade dos transtornos enfrentados pela
população se multiplicarem. Uma licitação para implementar a medida, porém, foi
adiada.
O
adiamento certamente se deveu à mobilização que ocorreu na Câmara Municipal na
manhã de segunda-feira. Moradores da zona rural foram ao Legislativo pressionar
contra a medida e, à noite, o recuo foi anunciado. Espera-se que, agora, haja o
necessário debate e o interesse da população prejudicada prevaleça.
Em
tese, a Feira de Santana deveria estar em lua de mel com seu sistema de
transportes, já que houve licitação – por um prazo longo – há menos de dois
anos. Não é o que acontece, como todos podem perceber. É provável que o
desgaste à medida que o tempo for passando, já que, hoje, necessidades elementares,
como ônibus em condições satisfatórias de funcionamento, sequer constituem a
regra.
Por fim, é necessário
observar que o valor da tarifa é muito elevado para a qualidade dos serviços e
para a renda média do feirense. A expectativa de que os intensos problemas do
transporte público iam se dissipar a partir da licitação frustrou-se. Agora, é
aguardar os próximos capítulos dessa novela que se arrasta, infindável, há mais
de uma década.
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