Na
quarta-feira (31) finda o prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral para o
recadastramento biométrico dos eleitores de diversos estados brasileiros,
incluindo aí a Bahia, representada por dezenas de municípios. A Feira de
Santana também figura na lista daquelas cidades nas quais o recadastramento é
obrigatório. A promessa da direção do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) é de que
não haverá prorrogação: quem perder o prazo não vota e fica exposto a uma série
de penalidades, o que inclui a perda de benefícios sociais, a exemplo do Bolsa
Família.
Balanço
divulgado semana passada pela imprensa indicava que cerca de 66% dos eleitores
de Salvador já tinham feito o recadastramento. A estimativa era que
aproximadamente 70% dos portadores de título eleitoral no estado fará a
biometria até o final do prazo, no meio da semana. É possível que o percentual
da Feira de Santana fique próximo da média do estado: a partir daqui, resta
esperar o balanço com os números definitivos.
O
processo foi bastante tumultuado no município: a dificuldade para agendar
horário pela internet exigiu sucessivas incursões e muita paciência, nem sempre
com final feliz para o eleitor. Outros penaram em filas quilométricas, sob o
sol inclemente ou ensopando-se nas chuvas ocasionais. Passar a madrugada em
frente à sede do tribunal, ali nas imediações da avenida José Falcão, compôs o
calvário de muitos.
É
provável que parte dos eleitores que não vai se recadastrar já morreu, se mudou
ou já não tem obrigação de votar, como diversos idosos. Só que esse
contingente, ao que tudo indica, é reduzido em relação ao universo daqueles que
não vão fazer a biometria. Sendo assim, fica a incógnita: quem serão os
eleitores que não poderão comparecer às urnas em 2018?
Revoltados?
Muitos
brasileiros – incluindo aí vários feirenses – estão revoltados com a
bandalheira política e não pretendem votar. A inquietação pode ser aferida nas
eleições municipais de 2016: somados os votos brancos e nulos e as abstenções,
98,9 mil dos 397 mil eleitores feirenses deixaram de votar. Esse número superou
a soma dos votos dos candidatos a prefeito derrotados naquele pleito, que não
passou de 86 mil.
O
número, inclusive, não é distante da quantidade de eleitores que – estima-se
grosseiramente – não deve se recadastrar. Só que, entre os recadastrados, a
tendência é que muitos não compareçam às urnas pelos mais variados motivos. Não
se duvide que o universo de votos válidos se reduza ainda mais em relação à
eleição anterior, o que amplia a incerteza para os candidatos que vão garimpar
seus sufrágios por aqui.
Entre
os vagalhões desse mar de incertezas políticas, algumas questões se sobressaem:
qual o perfil do eleitor que vai deixar de ir à urna? Caso haja um perfil
predominante, qual (ou quais) candidatos tendem a ser prejudicados? O naufrágio
de Lula vai interferir sobre seus eleitores? Fatores geográficos (distritos,
bairros, zonas eleitorais, etc.) pesam nas estatísticas? Só uma acurada
pesquisa para esclarecer essas dúvidas.
Quem for garimpar seus
votos na Feira de Santana precisa estar atento para os efeitos da biometria
sobre o universo de eleitores. Isso caso – ressalte-se – o prazo não seja
estendido e o número de recadastrados não se amplie de maneira expressiva. O
cenário político, por si só, anda demasiado conturbado. E, por aqui, o
recadastramento surge como variável que pode influenciar a realidade eleitoral
da Feira de Santana.
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