Originalmente publicado em Nov/2020
O
final de semana foi repleto de carreatas aqui na Feira de Santana. Sobretudo no
domingo: foram tantas que, em alguns lugares, houve congestionamento.
Testemunhei um deles, à distância, ali nas imediações das Baraúnas. Os dois
grupos se encontraram – marchavam em sentido contrário – e, por alguns
instantes, se estudaram, com suas bandeiras sacudindo ao vento. Depois, tomaram
rumos diferentes, porque é impensável um candidato a vereador encorpar carreata
de concorrente.
À
distância já se sabia que as carreatas se aproximavam: o espocar de fogos, as
buzinas e, sobretudo, o martelar incessante dos jingles, sinalizavam para a chegada de mais um postulante à Câmara
Municipal, com sua militância empolgada, suas promessas e seus slogans. Quem abandonou os afazeres para
acompanhar a passagem dos candidatos colheu impressões bem interessantes.
À
frente há, sempre, um séquito motorizado sobre duas rodas. Buzinam, fazem
manobras e, quando a carreata se retarda, os mais audaciosos até ousam empinar
a moto, deslizando sobre uma roda. Depois vem o candidato distribuindo
sorrisos, acenos e palavras animadoras, de pé, na carroceria de uma caminhonete
de luxo. Quem não dispõe de uma delas, improvisa num utilitário qualquer.
Aquelas
restrições sobre uso de máscara e quantidade limitada de participantes por
veículo foram ignoradas por quase todo mundo. Carros apinhados, gente pendurada
em janelas sacudindo bandeiras e berros entusiasmados – sem distanciamento, é
óbvio – foram comuns também. Dançava-se também sobre carrocerias, em pequenas –
mas animadas – aglomerações.
Na
lufa-lufa, candidatos abastados levam imensa vantagem: mobilizam muito mais
veículos – impressionou a quantidade de carros de luxo em algumas carreatas – e
muito mais gente. Mas todo esse estardalhaço rende voto, convence eleitor? É
uma questão interessante, digna de investigação acadêmica. Indiscutivelmente
serve como demonstração de força, exibição de poder.
Mas
é necessário reconhecer também que as carreatas trouxeram uma animação que
quebrou os longos silêncios dos meses de pandemia. E serviram para conectar o
eleitor ao pleito que já acontece no domingo, em primeiro turno. As buzinas, os
fogos, os jingles, tudo isso trouxe
um clima festivo que, de alguma forma, acabou envolvendo quem vota.
Domingo
(15) é dia de saber se carreata tem alguma conexão – ou não – com os resultados
das urnas...
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