As eleições de 2022 na Bahia começaram assim que terminou a apuração dos votos do segundo turno para prefeito na Feira de Santana e em Vitória da Conquista. Fiador da vitória nas duas cidades – em ambas, o MDB virou contra candidatos do PT – o atual prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), deixou a cautela de lado na comemoração e anunciou a possibilidade de se candidatar a governador daqui a dois anos. Badalado como gestor, emprestou sua popularidade a dois candidatos que patinaram no primeiro turno – Colbert Martins Filho e Herzem Gusmão – e alavancou a virada.
O
principal triunfo do prefeito de Salvador, porém, foi a esmagadora vitória na
própria capital – Bruno Reis (DEM), o atual vice-prefeito, vai sucedê-lo – num
pleito sem grandes emoções. As candidaturas concorrentes entusiasmaram pouco o
eleitor soteropolitano, que apostou firme no candidato de ACM Neto, que recebeu
cerca de dois terços dos votos válidos no primeiro turno e encurtou o embate.
Alarmado
com a desenvolta movimentação de ACM Neto, o petê resolveu colocar, desde já,
sua opção na mesa. E o senador e ex-governador Jaques Wagner – artífice
político do ciclo petista na Bahia – anunciou sua pré-candidatura. No petismo,
é o nome mais credenciado e o que mais agrega. É, também, o único que pode
manter coeso o consórcio partidário que comanda a Bahia há quase quatro
mandatos.
O
problema é o anúncio do senador Otto Alencar (PSD), governista, de que também é
pré-candidato. Muito especulada nos últimos dois anos, a candidatura partiria
de uma base sólida, já que a legenda elegeu mais de 100 prefeitos na Bahia,
pilota parte da máquina estadual e pode contar com a simpatia de uma faixa
ampla do eleitorado. Inclusive parte daquela mais inclinada a votar em ACM
Neto. É um nome competitivo e pode frustrar os planos do PT.
Político
reconhecidamente hábil, o senador manobra o tempo conforme suas conveniências:
em entrevista a um site de Salvador, declarou que só vai tratar da eleição em março
de 2022. Amplamente conhecido – o que dispensa enfronhar-se na peleja desde já
– deixa o cenário político baiano em suspense até lá, dependendo de sua posição.
Mas não é só isso, há o turbulento contexto do Planalto Central, que não
aconselha ninguém a antecipar nada.
O
ano de 2021 vai ser decisivo para todas as pretensões. Não adianta, portanto,
antecipar-se, enxergar cenários estanques. Tudo pode mudar com velocidade
vertiginosa. Afinal, há o desgoverno de Jair Bolsonaro – o “mito” – aí na
praça, contribuindo para tornar tudo mais nebuloso. A pandemia e a crise
econômica são ingredientes adicionais de incerteza, agitação e conflito.
Mais
do que estratégia, talvez a opção do senador Otto Alencar de retardar o debate –
ele, inclusive, pode se dar a este luxo – seja o mais sensato no Brasil imerso
em tantas turbulências...
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