Originalmente publicado em Nov/2020
Todo
mundo já sabe que a Feira de Santana voltará a ter eleições municipais em dois
turnos depois de 24 anos. Todo já sabe, também, que o atual prefeito Colbert
Martins Filho (MDB) e o deputado federal José Neto (PT), debutavam naquele
longínquo 1996 como postulantes ao Executivo. Nenhum dos dois chegou ao segundo
turno, disputado por José Falcão (PPB, o atual PP) e Josué Melo (PFL, o DEM).
O
que nem todo mundo sabe ou lembra – boa parte do eleitorado nem tinha nascido à
época – é que aquela disputa vibrante marcou a estreia das urnas eletrônicas no
Brasil e também na Feira de Santana. Acompanhei tudo de perto, como repórter do
extinto jornal Feira Hoje. Dedicamos
muita atenção à tecnologia que se incorporava ao pleito.
Naquele
ano, entrevistei parte dos nove candidatos ao longo da campanha eleitoral.
Lembro de um episódio marcante: uma rápida conversa com o então candidato José
Falcão da Silva – vitorioso no final pela diferença de cinco mil votos – ali na
rua Geminiano Costa, do lado do Feira Tênis Clube, o FTC.
A
entrevista ocorreu momentos antes do debate promovido pela APLB no Ginásio de
Esportes. Uma multidão aguardava com ansiedade o embate e – muito popular entre
os professores – José Falcão foi recebido como celebridade naquela ocasião.
Muita gente queria abraçá-lo, apertar sua mão, passar um recado.
Tudo
isso enquanto ele descia do carro e tentava entrar no clube. E eu ali, ansioso
para antecipar algumas linhas da matéria, extrair alguma declaração preliminar.
Simpático e gentil, José Falcão foi quase monossilábico. Apesar de toda aquela
balbúrdia em volta – eram intensas as paixões políticas naqueles eventos – ele
parecia muito concentrado. Poupava energia para o embate de dali a pouco.
Aquela
quase letargia de Falcão momentos antes do debate converteu-se numa empolgante
participação. Atento, astuto e com raciocínio rápido, Falcão venceu com brilho
aquele embate, para delírio da multidão que lotava as arquibancadas do ginásio.
Era um prenúncio do que viria das urnas alguns dias depois.
Como todo mundo sabe, José Falcão morreu em agosto de 1997, pouco mais de sete meses depois de assumir a prefeitura pela terceira vez. Era a segunda liderança que a Feira de Santana perdia num intervalo curto. Em novembro de 1994, Colbert Martins – o pai do atual prefeito – tinha falecido. Daqueles tempos fervilhantes da política feirense, só resta vivo o ex-prefeito, ex-governador e ex-senador João Durval Carneiro.
Aquela
eleição rendeu muito conteúdo, muito folclore. Num próximo texto, pretendo
relembrar a apuração dos votos no primeiro turno...
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