Originalmente publicado em Nov/2020
Se
fossem fazer concurso para selecionar os candidatos à Câmara Municipal
feirense, sobrariam poucos nomes para o eleitor escolher. É sofrível o nível de
boa parte dos postulantes. Nem precisaria fazer uma prova muito exigente, não:
bastariam umas poucas questões objetivas relacionadas às atribuições do
vereador. Boa parte ficaria pelo caminho. Quem quiser constatar, só precisa
acompanhar a propaganda eleitoral.
Antes
das novas regras eleitorais, uns 400 nomes se arriscavam à vereança aqui na
Feira de Santana a cada pleito. Agora, segundo levantamento do Tribunal
Superior Eleitoral, o TSE, são mais de 600. As bizarrices, que já eram abundantes
no passado, agora foram alçadas quase à condição de regra. Classificar muito
candidato de palhaço é até uma ofensa aos bravos profissionais do riso.
Além
da bizarrice, há promessa para todos os gostos nestas eleições. Há candidato a vereador,
por exemplo, que planeja construir hospital, escola, creche, revitalizar
praças, ruas e avenidas. Tudo muito bonito, mas, por enquanto, vereador não tem
chave do cofre, nem tinta na caneta para autorizar obras. Até aqui, a função cabe
ao Executivo.
Os
menos criativos, coitados, apegam-se a generalidades para cativar o eleitor.
Daí as referências à saúde, à educação, à segurança pública, à assistência
social e a diversos segmentos da população (zona rural, periferias, camelôs,
ambulantes, profissionais da saúde, da educação e por aí vai). Segundo eles,
representarão determinado tema no Legislativo. Mas fazendo o quê? É o mistério.
Alguns
prometem mundos e fundos por esperteza, achando que vão engambelar o eleitor,
enganá-lo. Outros por ignorância mesmo, por desconhecer as funções do vereador.
Ambas as situações são danosas para o Legislativo e para o próprio exercício da
democracia. Afinal, eleitos, muitos vão se limitar a distribuir comendas,
títulos e medalhas e a celebrar efemérides. Outra tarefa comum é elogiar o
prefeito de plantão, seja quem for. Nada fragiliza mais o salutar equilíbrio
entre os poderes.
Para
ingressar como servidor efetivo na administração pública é necessário ser
aprovado em concurso público. Pelo menos, até a nociva reforma administrativa
de Jair Bolsonaro, o “mito”, ser aprovada. Cargo eletivo devia implicar também
numa seleção prévia, uma prova que ateste aptidão para quem almeja ocupar
funções políticas. Uma espécie de concurso para candidato.
Caso
existisse essa prova, aqui na Feira de Santana sobrariam poucos candidatos
aptos. Mas tudo indica que seria melhor, pois os mais despreparados – e
folclóricos – seriam descartados previamente...
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