Originalmente publicado em Out/2020
28
de outubro é dia do Servidor Público. O que os candidatos à prefeitura da Feira
de Santana pensam sobre os servidores do quadro efetivo? Consultei os programas
de governo que estão disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral, o TSE.
Há poucas pistas. E quase tudo que consta lá se resume a frases curtas, que
esclarecem pouco sobre as verdadeiras intenções. É provável que, até o final da
campanha, siga-se discutindo pouco a questão. Afinal, quem faz concurso
mergulhou numa fase de franca demonização no País.
Quem
consulta o quadro de pessoal da prefeitura da Feira de Santana percebe que
restam poucas carreiras estruturadas. Basicamente, só aquelas cuja legislação
dificulta a terceirização, como a Guarda Municipal ou os agentes de trânsito.
Professores e agentes comunitários de saúde até sobrevivem como carreira, mas
enfrentam há muito o flagelo da terceirização, do contrato temporário e de outras
modalidades de contratação.
Como
estruturar uma rede de serviços públicos com qualidade abrindo mão de
servidores efetivos? Fala-se no onguismo, nas cooperativas amigas, nos
contratos temporários que fazem a festa dos políticos que indicam seus cabos
eleitorais. Como todo mundo pode observar, os resultados costumam ser
sensivelmente piores do que aqueles que se pretendia mudar. E custam caro.
Só
ganham os políticos, os amigos dos políticos, empresários do sistema
terceirizado e os cabos eleitorais que sustentam suas “boquinhas”. A
população, obviamente, perde feio com um serviço precário e caro, porque os
custos deste modelo predatório também são elevados. Como desgraça pouca é
bobagem, vem aí a reforma administrativa de Jair Bolsonaro, o “mito”, tornando
regra a precariedade no serviço público.
Os
que observam o cenário político feirense sabem que todos esses vícios estão
presentes também no município. Fala-se pouco sobre eles, porém. Inclusive nesta
campanha eleitoral. A pandemia da Covid-19 evidenciou as fragilidades do
sistema público de saúde, mas ninguém fala em estruturá-lo, profissionalizá-lo
de fato. Há, no máximo, alusões superficiais e passageiras, que não envolvem
compromissos efetivos.
As
promessas brotam incessantemente na tevê, no rádio, nas mídias sociais. Só que
sem administração pública estruturada, no fundo, tudo não passa de proposta
mirabolante, tapeação para engambelar eleitor distraído ou crédulo. Como fazer
andar uma máquina pejada por indicações políticas? É um debate que,
infelizmente, não alcança o eleitor que mais precisa de serviços públicos de
qualidade. Ou seja: o pobre.
Talvez
discussões do gênero sejam descabidas nesses tempos tormentosos que o Brasil
atravessa. É luxo numa época em que se naturalizam 155 mil mortes por Covid-19,
minimizam-se queimadas na Amazônia e no pantanal e dinheiro público enfiado nos
fundilhos de um senador vice-líder do governo é visto como algo “normal”. Além,
claro, das “rachadinhas” que fazem a festa de quem tem a caneta na mão para
indicar apaniguados e bate-paus...
Mas
é necessário sustentar o debate contra todo esse horror. Pelo menos até quando
a liberdade de expressão nesta republiqueta de bananas também não se tornar um
luxo desnecessário...
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