Dizem os oráculos econômicos do
novo regime que, quando as cabalísticas reformas forem aprovadas, os
investimentos fluirão num fluxo incessante. O Brasil vai se tornar uma espécie
de paraíso celestial no plano terreno mesmo. Se brincar, dos céus se desprenderá
o maná. Sobretudo porque, à frente do País, há um cidadão ungido pelo próprio
Todo-Poderoso. Pelo menos foi o que assegurou um pastor congolês no final de
semana.
Essa fantasia talvez enleve os
acólitos mais fanatizados do novo regime. Só que funciona pouco no
convencimento dos financistas estrangeiros, os donos do capital que tanto se
deseja atrair. No início do governo, por exemplo, eles não se entusiasmaram com
o discurso do controverso Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que empolgou os mais
desavisados. As razões para a cautela estão se avolumando.
Domingo (26), simpatizantes
pretendem fazer uma manifestação de apoio ao novo regime. A pauta rendeu uma
balbúrdia dos diabos: uns defendem uma extensa agenda propositiva – reforma da
Previdência, pacote anti-crime, etc – e outros, ensandecidos, pretendem
fustigar deputados, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e não faltou
quem defenda até que o Congresso Nacional seja sitiado.
Isso é rotina de república de
bananas – ou de laranjas, no caso do Brasil contemporâneo – e nenhum empresário
sensato vai enfiar seu capital num ambiente conflagrado desses. Hostilizar
parlamentares e juízes é só o primeiro passo. Adiante podem resolver caçar
“comunistas” – para essa turma, o conceito é bem elástico e pode alcançar qualquer
um – e, depois, desavisados impenitentes que não se dobrem em reverências ao
regime.
Nenhum país com a rotina política
do Brasil atual é atrativo a investimentos. Afinal, as perseguições podem
começar pelos desafetos, abocanhar adversários e, lá adiante, até alcançar os
donos do capital que não joguem o jogo do regime. A História é prenhe de
exemplo do gênero, sobretudo na América Latina. E, caso a insanidade não seja
repelida, pode se tornar o futuro do Brasil no médio prazo.
O discurso oficial acena com um
futuro próspero – digno desses milagres que se veem nas televisões – desde que
segmentos específicos da população sejam rechaçados, na eterna, rasteira e
maniqueísta dicotomia entre o “bem” e o “mal”.
Os donos do dinheiro, evidentemente, não se fiam
nisso. Mas muitos fanáticos, aqui dentro, apostam no caos como estratégia para
chegar à “Terra Prometida” da família no poder. É bom – sobretudo quem está à
frente das instituições – não menosprezar esses movimentos. Depois dos últimos
desastres políticos, isso também está se tornando possível...
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