Os acólitos
do bolsonarismo podem até negar, mas o Legislativo e o Judiciário figuraram
como alvos das manifestações realizadas pelo grupo no domingo (26).
Determinados integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), o famigerado
“Centrão” e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
estavam entre os vergastados nos atos. Até um boneco inflável representando o
político carioca apareceu, sinalizando que Lula e o PT já não figuram como
únicos alvos dos entusiastas do controverso presidente da República.
Algumas
estimativas apontaram que, no conjunto, cerca de 100 mil pessoas compareceram
aos atos. É pouco para quem incentivou a mobilização – mesmo adotando postura
ambígua –, principalmente porque o novo regime está na praça há menos de cinco
meses. Por outro lado, não dá para afirmar que Jair Bolsonaro dialoga apenas com
meia-dúzia de convertidos.
Objetivamente,
a afluência de público foi insuficiente para emparedar o Congresso, conforme
pretendiam alguns mais radicais. Mas, ao contrário do que avaliaram políticos
graduados – que desdenharam dos atos afirmando que “não muda nada” – a
iniciativa lança mais instabilidades no já turbulento cenário político
brasileiro. Não é à toa que personagens mais experientes vislumbram o horizonte
no curto prazo como “imprevisível”.
Quinta-feira
(30), mais uma vez, estudantes pretendem fazer manifestações contra os cortes
no orçamento da Educação. Baqueado pelo ato do dia 15 de maio – quando cerca de
um milhão foram às ruas em centenas de cidades – o governo recuou no
contingenciamento de parte dos recursos. É uma medida para tentar esvaziar
novos protestos, evitando que toda a mobilização de duas semanas atrás ocorra
novamente.
Caso não
haja tanta gente na rua na quinta-feira, o discurso oficial vai apontar refluxo
nos protestos e celebrará a trégua momentânea. Só que, se os atos forem mais
robustos que aqueles do domingo, favoráveis ao governo, a pressão se manterá
intensa, mesmo que não haja tanta gente como no dia 15 de maio.
Mergulhar na
dinâmica dos atos de rua é péssimo para quem está no poder. Sobretudo para quem
experimenta popularidade declinante e nada tem de efetivo para mostrar em cinco
meses de governo, como é o caso do governo Bolsonaro. Mas essa foi uma opção
dos novos donos do poder, que insuflaram seus séquitos para ocupar as ruas,
embora o resultado tenha ficado aquém do que esperavam.
A relação
com o Legislativo desanda a todo momento, como atesta o noticiário todo dia.
Mas, espantosamente, o novo regime faz a opção por investir em mais uma zona de
atrito, de efeitos imprevisíveis.
É aguardar para ver no que vai dar...
Comentários
Postar um comentário