A BA-502,
rodovia que liga a Feira de Santana a São Gonçalo dos Campos e Conceição da
Feira voltou às manchetes durante o São João, em função do trágico acidente que
matou oito trabalhadores numa de suas curvas. São comuns os acidentes naquela
estrada e sabe Deus quantas pessoas já morreram em suas curvas sinuosas e
arriscadas. Nos períodos chuvosos os riscos são ainda maiores. Cobra-se a
duplicação das estradas federais que cortam a região, mas estranhamente fala-se
pouco daquela complicada rodovia.
No passado
remoto – décadas atrás – quem se deslocava da Feira de Santana em direção a São
Gonçalo dos Campos se extasiava com o bucólico cenário rural às margens da BA-502.
Sítios, chácaras, propriedades miúdas e pequenas fazendas maravilhavam os olhos
com o verde frondoso das jaqueiras, das mangueiras e cajueiros que pontuavam a
paisagem. Naquela época a frota era menor, e o trânsito, menos intenso.
Depois do
Centro Industrial do Subaé, o CIS, havia poucas empresas. O povoado de
Magalhães – comunidade no caminho entre as duas cidades – tinha um acentuado
aspecto rural, com sua praça tranquila, arborizada, e gente conversando na
porta de casa. Na pista, o silêncio era mais intenso e as elegantes
casas-grandes das fazendas se destacavam, precedendo o declive suave que conduz
ao rio Jacuípe.
A expansão
urbana e comercial em direção ao sul da Feira de Santana alavancou a ocupação
daquela região. Foram surgindo fábricas, grandes galpões industriais, restaurantes,
postos de combustíveis e empresas diversas beneficiadas pelo boom imobiliário. Simultaneamente,
bairros inteiros foram surgindo, espichando-se nas cercanias da BA-502.
O movimento,
evidentemente, transformou a paisagem às margens da rodovia: o tom opaco das
construções de concreto revogou pomares frondosos, espantou os pássaros,
empurrou a agropecuária para espaços mais distantes. Hoje sobrevivem,
teimosamente, umas poucas chácaras com seus terreiros à frente. Destoam do
cenário essencialmente urbano.
Essas
mudanças multiplicaram o fluxo de veículo e tornaram o espaço entre os dois
municípios um contínuo citadino, que até se confunde. É o que os geógrafos
chamam de conurbação. Numa situação dessas, não é possível que a conexão entre
os dois municípios se dê por uma via de mão dupla, sinuosa, arriscada, simples
recorte de uma estrada carroçável de outros tempos.
O próprio
prefeito Colbert Martins (MDB) se manifestou, cobrando a duplicação. De fato, é
necessário reivindicar do Governo do Estado a solução do problema. A duplicação
da região ao sul do Anel de Contorno e da BR 116 ao Sul e ao Norte – nesse
trecho, em direção a Serrinha, as obras ainda estão em andamento – são intervenções
fundamentais, mas não dá para seguir ignorando a perigosa e, às vezes, fatal BA-502.
Anos atrás se aprovou, com pompa, a criação da
Região Metropolitana de Feira de Santana (RMFS). A iniciativa impulsionou muita
propaganda, mas o projeto, como todo mundo sabe, nunca saiu do papel. Melhorar
as rodovias que conectam os municípios da RMFS seria um excepcional primeiro
passo. Mesmo com tantos anos de atraso.
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