- Ô Bolsonaro, seu imbecil, eu
quero livro não preciso de fuzil...
A frase foi repetida em coro e com
frequência na manifestação que reuniu hoje (30), mais uma vez, milhares de
jovens nas ruas da Feira de Santana, contra os cortes de recursos realizado
pelo Ministério da Educação. Quem esperava adesão mais modesta se enganou: além
do público, havia a energia intensa da juventude, que eletrizou as avenidas
Getúlio Vargas e Senhor dos Passos, além das ruas Visconde do Rio Branco e
Carlos Gomes, por onde a marcha passou.
Aos jovens, somaram-se os
professores da rede pública, servidores da educação e os professores da
Universidade Estadual de Feira de Santana, em greve há mais de um mês. Pelas calçadas,
sorrisos e uma simpatia crescente pelas manifestações: além da franca
perseguição contra a educação e seus profissionais, pesa contra o novo regime a
ameaça de mais uma recessão, já que o Produto Interno Bruto, o PIB, encolheu
0,2% no primeiro trimestre. Há, porém, outras frentes de batalha contra o
controverso mandato:
- Nem fraquejada e nem do lar, a
mulherada tá na rua pra lutar...
Muitas mulheres – sobretudo as
mais jovens – puxaram o coro contra a misoginia que, pelo jeito, conta com
adeptos lá no Planalto. Afinal, entre aquela gente, não faltam episódios de
franco desrespeito à condição feminina. Elas
replicam o célebre “Ele Não” da campanha eleitoral de 2018. Naquela ocasião,
porém, eleitores de Jair Bolsonaro – o mandatário do Vale do Ribeira – ainda
arriscavam uma piada, um deboche. Nos últimos meses desapareceram. O ato hoje
mostrou isso.
Não é só Jair Bolsonaro que
dispõe de pouco prestígio junto à juventude. O governador Rui Costa – que é do
PT, suposto baluarte em defesa da classe trabalhadora – e o prefeito Colbert
Martins (MDB) também figuram no rol dos defenestrados. Isso para não mencionar
os vereadores que, mais uma vez, foram alvo de uma sonora vaia, defronte à
Câmara Municipal. Provavelmente reagirão com o mesmo silêncio do ato anterior,
realizado há quinze dias.
O Legislativo feirense, aliás,
vem se especializando em ignorar as candentes questões que mobilizam a
população. Preferem centrar esforços na concessão de títulos e comendas para
desconhecidos, na habitual louvação ao prefeito de plantão e na celebração de
fúteis efemérides. Pior que o silêncio dos vereadores só as declarações
desastradas do ministro da Educação, um cujo delírio persecutório se combina a
agudas agressões ao vernáculo quando abre a boca.
Dentro de mais quinze dias
acontece a greve geral, em 14 de junho, contra a reforma da Previdência e a
gestão desastrosa que desagrega o País desde janeiro. A agressividade da trupe
encarapitada no Planalto demonstra que as manifestações estão incomodando. O
naufrágio da economia – dessa vez devidamente contabilizado pelo IBGE – e as
conflituosas relações com o Congresso Nacional evidenciam que o governo dos
autoproclamados “machões” fraqueja desde os primeiros dias.
Centenas de milhares de
manifestantes compareceram às ruas de dezenas de cidades brasileiras em cerca
de 20 estados contra a política educacional do calamitoso governo Jair
Bolsonaro. Na Feira de Santana, a juventude cumpriu o seu papel. E, ironias à
parte, pelo menos um mérito o controverso presidente tem: despertou a juventude
para a política e ressuscitou a União Nacional dos Estudantes, a UNE, que andou
sumida durante as últimas décadas.
Provavelmente uma nova onda de pressão virá no
dia 14 de junho, às vésperas do São João, com a primeira greve geral sob o novo
regime.
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