Nem
bem terminaram as eleições de 2018 e já surgem especulações sobre as próximas
eleições municipais, daqui a dois anos. Na Feira de Santana, por exemplo, os
comentários já se avolumam e há, pelo menos, oito ou nove nomes circulando na
praça. É evidente que quase tudo é espuma: mais adiante, muitos vão recuar,
costurando composições, alegando convergências programáticas e outras desculpas
do gênero. Tem sido assim há anos e não vai ser o advento da “nova política” – seja
qual for o significado da expressão – que fará a situação mudar.
Mas,
mesmo se convertendo em prática comum, não deixa de ser espantosa tanta
antecipação. Afinal, as gestões municipais ainda não estão, sequer, na metade.
Prefeitos que, no momento, tem pouco para apresentar, podem fazer intervenções
importantes, entregar obras, implantar melhorias e, no intervalo até as
eleições, consolidar-se como favoritos.
Sobretudo
aqueles que herdaram mandatos no início do ano e estão, na prática, iniciando a
gestão, como o prefeito feirense Colbert Martins (MDB), que assumiu o posto com
a renúncia de José Ronaldo de Carvalho (DEM), em abril. Muitos, ansiosos,
cobram desde já resultados. É claro que, em parte, muito da cobrança deriva de mal
camuflados interesses eleitorais.
Depois
da vitória nas urnas, em outubro, o Partido dos Trabalhadores na Bahia – e seu
amplo leque de legendas consorciadas – parece decidido a apostar tudo na
tentativa de arrebatar as principais prefeituras baianas, que estão com a
oposição: Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista, para mencionar
apenas as três maiores. Não é à toa que as tratativas já estão em andamento, o
que inclui especulações sobre potenciais candidatos.
Disputa dura
Mesmo
com o tom otimista dos petistas e de seus acólitos, em Feira de Santana a
disputa vai ser muito dura, a julgar principalmente pelo retrospecto. Afinal,
desde 2000 – são cinco eleições já – que não há, sequer, segundo turno: vence
José Ronaldo de Carvalho ou o candidato indicado por ele. Toda a oposição,
somada, nunca conseguiu ultrapassar a fronteira psicológica dos 100 mil votos.
Apesar
da vitória expressiva nas urnas – três quartos dos votos válidos para
governador – o petismo já enfrenta seus primeiros percalços. É o caso, por
exemplo, da açodada reforma que elevou a alíquota previdenciária dos servidores
estaduais e que vai reduzir os repasses para o Planserv, o plano de saúde desses
servidores. Na prática, redução de salário.
Sem
diálogo e sem qualquer referência na campanha eleitoral – na qual tudo era
festa –, a medida desagradou o funcionalismo estadual e já deve ter colocado em
alerta os servidores municipais: caso triunfe o petismo ou alguma legenda
associada, será que não vai se sacar da algibeira reforma semelhante? E a
política salarial, será que vai ser a mesma, de anos seguidos sem reajuste
linear? É pergunta boa de se fazer logo na largada da sucessão.
Cenário nacional
É
claro, também, que o contexto nacional vai influenciar o cenário local. O que
embaralha tudo é que ninguém sabe o que vai emergir do Planalto Central: a
extrema-direita – com forte viés populista – ascende ao poder alternando
ameaças com duvidosas promessas de conciliação. Caso o governo desembeste para a
ruína, a chance de respingar sobre seus apoiadores por aqui é significativa.
Nesses
momentos, porém, há o esforço – ou não, dependendo da perspectiva – para se
emprestar coloração local à disputa. Se isso prevalecer, considerando os
resultados das últimas eleições, o candidato do ex-prefeito José Ronaldo
largará com nítida vantagem, apesar do discurso do “desgaste” e da “mudança”
que a oposição tenta emplacar desde já.
Enfim,
apesar do afã de parte da imprensa acerca das pré-candidaturas, tudo não passa
de especulação. Antes que comece o afunilamento em direção àqueles nomes mais
viáveis, muita coisa no cenário político vai acontecer. E, na dimensão
econômica, é necessário que o País emerja da crise na qual o PT de Dilma Rousseff
o afundou...
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