Pular para o conteúdo principal

2018 não deixará saudades para servidores estaduais

2018 está terminando e vai deixar poucas saudades para os servidores públicos baianos. Sobretudo o mês de dezembro, que reservou surpresas extremamente desagradáveis. Nele, tramitaram e foram votados pelo Legislativo medidas de austeridade que, segundo governistas, eram indispensáveis para manter o equilíbrio das contas públicas da Bahia. Quem folheou o Diário Oficial ao longo do mês, porém, ficou com a sensação de que se recorreu a uma espécie de “austeridade seletiva”, que manteve intocados privilégios de segmentos específicos.
A alíquota previdenciária, por exemplo, saltou de 12% para 14%. A proposta do Executivo, além de tramitar com velocidade incomum, foi votada sem qualquer diálogo com o funcionalismo, conforme acusaram os sindicatos e a própria oposição. Há três anos sem reajuste linear, os servidores vão se deparar, agora, com redução do valor do salário líquido, inclusive aqueles com salários menores.
Na Bahia, mais de 500 mil pessoas são beneficiárias do Planserv, o plano de saúde dos servidores estaduais. Pois bem: integrando o rol das medidas de austeridade está a suspensão do repasse de R$ 200 milhões para manutenção do plano, a partir do ano que vem.
Servidores públicos, prestadores de serviço na área de saúde, a oposição e até os sindicatos – sempre cordatos com o governo – apontaram, unânimes, que haverá restrições nos atendimentos e queda na qualidade dos serviços. Governistas, como sempre, refutam a previsão.

Austeridade seletiva?

Segundo a versão oficial, o ajuste nas contas públicas era tão imperioso que foi necessário extinguir até mesmo cargos de confiança. Houve ampla divulgação de que seriam 1,8 mil funções a menos, dessas que costumam abrigar indicados de aliados políticos. A lei 14.032, de 18 de dezembro, porém, trouxe uma surpresa para os mais distraídos: realmente foram extintos 1.834 cargos, mas, em compensação, foram criados outros 1.615. Está lá no artigo sétimo da mesma lei.
O saldo, portanto, foi de irrisórios 219 cargos a menos. Com um detalhe: parte das funções criadas têm remuneração maior. Na prática, isso pode significar ampliação dos gastos e não redução. Parte da imprensa, como sempre, só divulgou o pedaço da notícia que interessava: os 1,8 mil cargos extintos. Sobre os postos criados, na média, nenhuma palavra.
O dinheiro que faltou para financiar o Planserv vai sobrar para suplementar o Legislativo e o Judiciário nesse final de ano: esses poderes receberão, respectivamente, R$ 67 milhões e R$ 149 milhões. A medida foi publicada no Diário Oficial do feriado prolongado de Natal.
Para desassossego dos servidores estaduais, o petismo tem mais quatro anos de mandato pela frente, até 2022. Podem vir novas medidas de austeridade pela frente? A crise não dá sinais de que vá arrefecer e nada pode ser descartado. Exceto, é claro, a certeza que quem arca com a austeridade é, sempre, a parte mais fraca...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Parlamento não digere a democracia virtual

A tentativa do Congresso Nacional de cercear a liberdade de opinião através da Internet é ao mesmo tempo preocupante e alvissareira. Preocupante por motivos óbvios: trata-se de mais uma ingerência – ou tentativa – da classe política de cercear a liberdade de opinião que a Constituição de 1988 prevê e que, até recentemente, era exercida apenas pelos poucos “privilegiados” que tinham acesso aos meios de comunicação convencionais, como jornais impressos, emissoras de rádio e televisão. Por outro lado, é alvissareira por dois motivos: primeiro porque o acesso e o uso da Internet como meio de comunicação no Brasil vem se difundindo, alcançando dezenas de milhões de brasileiros que integram o universo de “incluídos digitais”. Segundo, porque a expansão já causa imensa preocupação na Câmara e no Senado, onde se tenta forjar amarras inúteis no longo prazo. Semana passada a ingerência e a incompreensão do que representa o fenômeno da Internet eram visíveis através das imagens da TV Senado:

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada feira-livre que mobilizava comerciantes e consumidores da região. Isso na época em que não existia a figura do chefe do Executivo, quando as questões administrativas eram resolvidas e encaminhadas pela Câmara Municipal.           

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da