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Patriotadas são as únicas medidas para a educação

Só que as bizarras novidades do Planalto Central brotam nas telas dos aparelhos eletrônicos com frequência absurda nos dias atuais. Apesar da intenção de se abordar a rotina da cidade, as vexatórias medidas do novo regime impõem-se no debate. Não há como contorná-las.
Uma das últimas – outras barbaridades já vieram na esteira na sequência – foi a cobrança de que professores, estudantes e funcionários cantassem o Hino Nacional nas escolas, no primeiro dia de aula. Mais: que fosse filmada a cena e encaminhada para o Ministério da Educação. Mais ainda: que fosse lida uma mensagem arrematada pelo slogan da campanha do polêmico presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ).
As reações foram imediatas. E a burocracia do Ministério da Educação teve que recuar: alegou que se tratava apenas de uma “recomendação”. O próprio colombiano titular da pasta – Ricardo Rodriguez, um que fala com sotaque – fez uma mea culpa e disse que “errou” ao recorrer ao slogan da campanha do chefe.
Fico imaginando o potencial uso posterior dessas imagens: emocionantes campanhas publicitárias exaltando o resgate do patriotismo como um grande feito na educação. Qualquer semelhança com a Coreia do Norte não seria mera coincidência. Afinal, os extremos ideológicos sempre têm um desconcertante ponto de contato.
Muito conservador bate no peito defendendo o tal projeto “Escola sem Partido”. Curiosamente, nesse episódio, esses heroicos combatentes permaneceram calados. É que, no fundo, deseja-se que nas escolas prevaleça, exclusivamente, a ideologia dos novos donos do poder. Só os ingênuos e os desinformados poderiam imaginar que não seria assim.
Está se tornando cansativo, mas temos que repetir que o País segue à espera do anúncio de medidas concretas para melhorar a educação. Não apenas a educação, mas também os demais serviços públicos. Até aqui, isso não veio à tona. E já não é precipitado se supor que não virá.

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