Adesivos do gênero já estão
colados nos vidros de veículos que circulam pela Feira de Santana. Obviamente,
manifestam intenções eleitorais vindouras. E não são exclusividade dos
postulantes à Câmara Municipal daqui, mas também de municípios vizinhos. Quem
conta nos dedos se espanta: faltam longos 19 meses até a boca da urna. Mais de
um ano e meio.
À primeira vista, é muita
antecipação, sobretudo porque quem venceu as eleições de outubro passado mal
tomou posse. Para completar, o Carnaval de 2019 foi tardio. Até domingo passado
houve desfiles e apresentações de artistas em algumas cidades, prolongando o
clima de folia e retardando o simbólico – e folclórico – início do ano.
As mudanças recentes na
legislação eleitoral talvez ajudem a explicar essa afobação. Acabaram, por
exemplo, as coligações proporcionais. Consórcios partidários, a partir daqui,
estão vetados: cada legenda que saia sozinha, tentando eleger o maior número
possível de vereadores.
Para tentar garantir a eleição
de bancadas, os partidos serão estimulados a lançar candidatos próprios às
prefeituras. Acabará, em muitos lugares, aquele cardápio restrito de
candidatos, como se observou nos últimos anos em muitos lugares. Não é à toa
que se veem tantas pré-candidaturas para o Executivo.
E
Feira?
Quantas pré-candidaturas a
prefeito já foram lançadas na Feira de Santana? Pelo menos meia-dúzia. Isso
para não mencionar aqueles que se dividem entre a Princesa do Sertão e
Salvador, ciscando aqui e lá, “consultando bases”, conforme o surrado jargão
político. Afora os retardatários – às vezes, os mais experientes – que esperam
mais clareza no cenário para se posicionar, bem lá adiante.
Tudo isso vai trazer incerteza
para enredos que, nos últimos anos, foram bastante previsíveis. Talvez por isso
alguns neófitos apostem em tanta antecipação, lançando desde já seus nomes nos
para-brisas dos carros dos amigos, precoces cabos eleitorais. É claro que a
fórmula não tem eficácia universal, garantindo sucesso ou malogro. Depende de
cada candidato.
De qualquer forma, a iniciativa
demonstra a ansiedade de quem planeja se aventurar, tentando uma vaga para o
Legislativo. Muitos devem alegar uma irreprimível vocação para a vida pública.
O eleitor, desconfiado, desde já deduz que o abnegado, na verdade, está de olho
é nas polpudas vantagens da função. São visões que já se incorporaram ao
folclore político do País.
O jogo eleitoral vai mudar, mas
o cenário político também. Ninguém vai encontrar aquela previsibilidade das
democracias saudáveis, que até certo ponto experimentamos no passado recente.
Pelo contrário: o Brasil parece se aproximar de uma nova espiral de tensões,
com desdobramentos difíceis de mensurar.
Portanto, nobre pré-candidato, é melhor conter a
ansiedade e esperar mais um pouco...
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