Mais um
furdunço sacudiu o controverso sistema de transporte público da Feira de
Santana essa semana: um desembargador concedeu liminar autorizando uma
cooperativa de vans de Salvador a realizar o transporte de passageiros na
cidade. Notícias indicam que são 190 vans. A decisão não é definitiva, porque se
trata de uma liminar, mas já causou rebuliço: motoristas das empresas de ônibus
chegaram a ensaiar uma paralisação na quinta-feira (08), mas recuaram.
Os
cooperados pleitearam prestar o serviço em bairros da periferia feirense. Campo
do Gado, Aviário, Pedra Ferrada, Viveiros e Alto do Papagaio figuram entre as
localidades que contariam com o serviço. A posição oficial da prefeitura é de
que vai se mexer para derrubar a liminar.
O transporte
público na Feira de Santana é prenhe de episódios pitorescos. Anos atrás houve
uma paralisação prolongada que se arrastou por intermináveis dez dias. O que
fez o feirense no meio daquele salseiro? Improvisou recorrendo aos táxis, às
motos, às bicicletas, às caronas, às vans e aos automóveis de transporte
clandestino e – à falta de outro meio de transporte – às próprias pernas.
Depois da licitação,
parecia que o problema estava resolvido. Pelas ruas da cidade, circulava uma
frota inteiramente nova que reluzia nas propagandas. Há pouco mais de dois anos
parte dos veículos de uma das empresas desapareceu das garagens: 51 ônibus
foram confiscados por determinação judicial. Foram substituídos por esses
veículos antigos que hoje circulam pelas ruas esburacadas da cidade.
Não é de
hoje que, na Feira de Santana, cultiva-se a fantasia de que está tudo bem em
relação ao transporte público. Ninguém enxerga – nem comenta – sobre a
qualidade da frota que circula pelas ruas, sobre o deplorável estado de
manutenção dos terminais, sobre os roteiros esdrúxulos das linhas e –
principalmente – sobre as longas, intermináveis esperas em abrigos
mal-ajambrados.
É óbvio que,
desse jeito, quem pode, compra carro, moto, motoneta e sai por aí, aumentando a
quantidade de veículos pelas ruas, produzindo engarrafamentos. Quem não pode,
recorre às motos, ao transporte clandestino, aos aplicativos de transportes,
para não ficar refém dos horários incertos, dos veículos malcuidados, do risco
de perder compromissos.
A prefeitura
perdeu uma excelente oportunidade de, efetivamente, melhorar o transporte
público quando fez a licitação há alguns anos. Como não o fez, ressurgiu o
transporte clandestino ao qual qualquer um pode recorrer com facilidade. Basta
parar nalgum ponto e esperar um pouco que, provavelmente, alguém vai passar oferecendo
corrida.
A querela judicial que envolve a associação é
algo que vai se resolver no circuito jurídico. Mas que existe forte demanda por
transporte público de qualidade na Feira de Santana, isso existe e não pode ser
negado...
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