Não é de
hoje que a mudança do Terminal Rodoviário da Feira de Santana é tema nas
conversas de muitos feirenses. Desde o início do século, nas campanhas
eleitorais, candidatos a prefeito anunciam a intenção de transferir o
equipamento. Até hoje nenhum passo foi dado. Mas tudo indica que, ano que vem,
mais uma vez, nas eleições municipais, a questão vai ser abordada, sobretudo
nos debates em emissoras de rádio e tevê, cujo clima é adequado aos anúncios
bombásticos.
Há um charme
transformador, futurista, visionário, ao se tratar do tema. Os candidatos a
prefeito em 2020 já devem estar de olho. Só que, sempre que a questão vem à
tona, a abordagem é vaga, imprecisa. Pior ainda: não é antecedida por um debate
com os interessados, sobretudo os usuários.
Houve um
tempo em que se prometia um novo terminal ali na Avenida João Durval, perto do
shopping e de suntuosos edifícios empresariais. Mais recentemente, foi a vez das
imediações da BR 324 – no trecho entre a Princesa do Sertão e Salvador –
figurar nas especulações. Tudo em função da forte expansão imobiliária naquela
direção.
Mas será que
basta construir um novo terminal rodoviário – seja ele onde for – para que a
questão seja esgotada, sobretudo quando se considera o frenético ir-e-vir da
Feira de Santana e de dezenas de municípios do entorno? Parece que não.
Hoje existem
diversos pontos informais de embarque e desembarque de passageiros. Todos no
centro da cidade ou em suas cercanias. Um único equipamento – mesmo portentoso,
imponente, envidraçado – é importante, mas não esgota o conjunto de
necessidades. Afinal, um traço muito acentuado da Feira de Santana é a
existência de múltiplas “rodoviárias”.
Talvez seja
recomendável abraçar um padrão adotado nas metrópoles que abordam a questão de
maneira mais moderna: um terminal maior destinados às linhas intermunicipais e
àquelas cujas distâncias são maiores; e outro, mais no centro da cidade, para o
qual afluam os visitantes de municípios próximos e quem faz o intenso percurso
entre a Feira e Salvador.
Mas será que
existe escala para essa opção? É uma dúvida que só estudos técnicos, mais
aprofundados, podem responder. O “achismo” – tão em voga hoje – não passa de
especulação e, nele, não se pode confiar. Pelo menos não na delicada
perspectiva econômica.
É fato,
também, que apostar todas as fichas apenas em um novo equipamento não resolve a
questão. A complexa realidade feirense atesta. Por fim, uma dúvida crucial: o
precário sistema de transporte público do município atenderia adequadamente o
fluxo de um terminal rodoviário localizado distante do centro da cidade? A
experiência mostra que não.
Esses são apenas alguns dos aspectos a serem considerados.
Afinal, a discussão sobre um novo Terminal Rodoviário permanece colocada como
um tema para as próximas décadas...
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