Anuncia-se que, no Plano Diretor que a Câmara
Municipal vai apreciar em breve, está previsto um anel rodo-ferroviário com extensão
total de 64 quilômetros. Ficará, portanto, bem afastado da conturbada área
urbana do município. Não conheço detalhes, mas, a princípio, a ideia parece
sensata: é necessário afastar o intenso fluxo de veículos que cortam a cidade
do trânsito urbano, facilitando a vida de quem reside na Feira de Santana e de
quem apenas passa pela cidade.
Depois do anúncio do “mito”, surge afinal,
uma dúvida: eles vão duplicar o Anel de Contorno existente ou vão considerar a
proposta da prefeitura de construção de uma nova via, mais afastada da zona
urbana? As informações iniciais são vagas, imprecisas, como tudo na gestão do
“mito”. Não há, sequer, a confirmação de que a equipe do Ministério da
Infraestrutura esteja debruçada sobre o tema.
Construída na década de 1960, a via
contribuiu, à época, para o ordenamento urbano do município e favoreceu a
condição de principal entreposto comercial da região, que a Feira de Santana já
sustentava. A vertiginosa ampliação da frota e a dependência do País do modal
rodoviário contribuíram para que, já na segunda metade da década de 1990, o
Anel de Contorno estivesse saturado com o fluxo.
Começaram, naquela ocasião, as promessas de
duplicação, de providências. Ministros dos governos Fernando Henrique Cardoso,
Lula e Dilma Rousseff se sucederam anunciando soluções que não vieram. No
máximo, houve a já mencionada duplicação no trecho curto ao Sul. Ajudou, mas
não resolve. É necessário, portanto, cautela com essas promessas enfáticas.
Sobretudo porque, hoje, o Brasil não tem um
plano para a modernização de sua infraestrutura logística e a Feira de Santana,
sequer, dispõe de um plano diretor atualizado. Falar de planejamento para a desprezada
Região Metropolitana, então, soa até como piada. E há, na praça, uma
interminável crise econômica, temperada por permanentes instabilidades
políticas.
É
necessário cautela com essas promessas. Principalmente se quem promete
classifica os nordestinos, grosseiramente, como “paraíbas”.
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