Alguns
precipitados começam a pregar o impeachment
de Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o “mito”. Discordo: é bom que o “mito” siga alimentando essa
ruína, ao longo do mandato para o qual foi eleito. Isso, claro, se não vier aí
pela frente algo muito mais grave, o que não pode ser descartado. Sobretudo
porque, nos últimos dias, o destempero verbal do nosso heroi transitou da
grosseria habitual para absurdos maiores, como insinuar que sabe o destino de um
desaparecido político.
Todos
percebem que o “mito” opera num cenário dicotômico, de bem e de mal, de vítima
ou de algoz. Despejando absurdos todos os dias – nem vale a pena recapitular o
que já foi regurgitado – ele vem cumprindo o papel de algoz. Tentar apeá-lo do
poder agora vai fazê-lo se travestir de “vítima”, o que parece ser o seu anseio.
Levou tempo,
mas muita gente está percebendo que o governo não vai além do que está aí na
prateleira: grosserias, agressões, clichês, demagogia e populismo rasteiro de
extrema-direita. Além, claro, do vexatório puxa-saquismo em relação aos
norte-americanos. É uma bela cortina de fumaça para a despudorada alienação do
patrimônio público seguir adiante, conforme se percebe.
Exatamente
por isso o “mito” fustiga para ser refutado e, assim, açular suas matilhas
digitais que vão, raivosas, defendê-lo. Caso a estratégia fracasse, restará ao
“mito” alegar que foi perseguido, combatido, tolhido pelos “marxistas
culturais” ou outra bobagem qualquer. Deve até manter sua aura de “mito” junto
aos acólitos. Pior seria seguir adiante e assumir a responsabilidade pelo
desastre inevitável.
Cautelosos,
aliados potenciais – parte das turmas das bancadas da bala, do boi e do dízimo
– mantém distância prudente das atrocidades verbais. Avançar referendando o
discurso tóxico pode ser nocivo lá adiante. Principalmente porque já se aprendeu
que a extrema-direita não tem apreço por quem não aceita seu credo
integralmente.
O jogo é
complexo porque, anteriormente, o Brasil não viveu nenhum descalabro do gênero:
as referências do passado, portanto, são inválidas para sinalizar rumo nos
tempos atuais. É necessário ir intuindo o caminho e escolher a trilha menos
nociva no cardápio de desastres que está posto aí.
Defender o impeachment
é adotar o jogo do inimigo. Mas isso não impede o contraponto às pautas
retrógradas que estão anunciadas, mobilizando a população. É o caso das
manifestações contra o descalabro na educação que estão sendo convocadas pelos
estudantes para o dia 13 de agosto...
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