Há muito tempo
a Feira de Santana mergulhou numa discussão sobre o tamanho de sua população.
Essa discussão, pouco fundamentada e movida por posicionamentos apaixonados,
costuma menosprezar os dados censitários, abraçando projeções que só encontram
amparo no sonho difuso de enxergar o município às raias de alcançar seu
primeiro milhão de habitantes. Em 2010, estávamos distantes do sonhado – por
alguns - primeiro milhão de habitantes: foram contabilizados 556 mil moradores,
segundo levantamento do IBGE. Mas, ainda assim, a cidade segue crescendo mais
que a Bahia.
Entre 2000 e
2010 o município cresceu a uma taxa média de 1,47% ao ano. Esse número
representa simplesmente o dobro da taxa do estado: 0,7%. O Brasil, por sua vez,
cresceu 1,18%. A princípio, pode-se deduzir que a Feira de Santana cresce como
desdobramento do fenômeno da elevação populacional das cidades médias
brasileiras.
Outro fenômeno
convergente com o que se observa para o conjunto do país é o crescimento da
população idosa. Em 2000, na Feira de Santana, esse grupo representava 6,7% da
população, saltando para 8,7% uma década depois. Essa expansão representa uma
taxa média anual de 4,1%. É chegado o momento, portanto, de pensar políticas
públicas para essa faixa populacional.
O que vem
declinando é o número de crianças e adolescentes até 14 anos. Eram 30,3% da
população em 2000. Tornaram-se 24,1% dez anos depois, o que significa uma
redução anual de 0,8%. Estamos, portanto, nos tornando uma população mais
madura, o que também converge com o contexto mais geral da Bahia e do Brasil.
Idade Produtiva
Há muita gente
em idade produtiva na Feira de Santana: 373,9 mil pessoas em 2010. Eram 302 mil
uma década antes. Essa população tem idade entre 15 e 59 anos. Está nesse
universo a grande população jovem feirense, que necessita de acesso à educação
e de oportunidades no mercado de trabalho.
Num texto
anterior apontamos o crescimento da população urbana: eram 89,6% em 2000,
tornando-se 91,7% na década seguinte. O número de pessoas no campo é só
aparentemente desprezível: 46,1 mil habitantes. É mais gente que a população
somada de 369 municípios baianos, conforme já apontamos também em texto
anterior.
Em dez anos a
Feira de Santana cresceu menos do que crescia no passado, mas ainda assim vê
sua população em expansão; tornou-se ligeiramente mais urbana; seus habitantes
envelheceram ou vivem na faixa etária mais madura da vida; há menos crianças
nas casas, nas escolas e nas ruas.
Políticas
Até o passado
recente o Brasil – e a Feira de Santana – viveram o frenesi da oferta de bens e
serviços públicos que atendessem sua população juvenil. Agora essa público
recua a olhos vistos e as preocupações tem que se voltar para o segmento da
população que vai atravessando a faixa dos 60 anos. Quem parar para pensar
sobre o tema vai perceber que há muito a ser feito no futuro.
A sociedade
brasileira caminha para mudanças drásticas em intervalo curto: os jovens vão se
tornar escassos e envelheceremos significativamente. A lógica de pensar o país
vai precisar se reconfigurar, ajustando-se à nova realidade. Portanto, é
preciso antecipar-se aos problemas que estão por vir.
O tom prateado
dos cabelos, aos poucos, vai prevalecer no ambiente urbano. Bens e serviços
compatíveis com essa nova realidade serão necessários, tanto no Estado quanto
na iniciativa privada. É necessário, assim, debruçar-se para entender esses
fenômenos novos que começam a se colocar. E agir conforme a realidade se
transforma.
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