Pular para o conteúdo principal

Feira patina, mas gerou quase 32 mil empregos desde 2007





No mês de janeiro a Feira de Santana perdeu mais de 500 postos de trabalho, de acordo com dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Foram exatos 508 empregos a menos. Em parte, o movimento se deve às demissões de empregados temporários contratados para as vendas de final de ano; em parte, também, o movimento se deve ao crescimento mais lento da economia brasileira – o chamado ‘pibinho’ – apesar da Bahia ter crescido mais de 3% em 2012. Infelizmente, maiores informações que ajudem a explicar o desempenho ainda não estão disponíveis.
O resultado, quando comparado ao mês de janeiro dos anos anteriores, tem um elemento que inquieta, embora ainda não preocupe: em 2012 e 2011, o saldo de postos de trabalho gerados alcançou 561 e 333, respectivamente. Isso significa que, em 2013, verifica-se uma inversão nessa tendência positiva. É necessário, porém, estar atento aos resultados a partir daqui.
A redução pode, inclusive, ser transitória: nos últimos anos, o município de Feira de Santana gerou um número expressivo de empregos. Foram exatos 31.983 desde 2007, conforme o MTE. É necessário ressaltar que esse número representa a diferença entre admissões e demissões no período, com saldo liquido positivo.
O ano mais favorável ao mercado de trabalho na Feira de Santana foi 2010: nada menos que 8.022 novos empregos foram gerados. Isso em relação a 2009, que também registrou elevação expressiva: mais 6.908 postos. Nos dois anos anteriores, os avanços foram mais modestos: 4.067 em 2008 – ano em que eclodiu a crise internacional – e 3.964 em 2007.

Causas

Ao longo da série, 2011 foi o ano mais sofrido: somente 2.148 novos postos de trabalho gerados. Em 2012, ano do ‘pibinho’ e do acirramento da crise internacional, mais uma boa notícia: novos 6.874 empregos para os feirenses. Em janeiro de 2013, conforme já apontado, ocorreu a redução.
As explicações para o desempenho favorável do mercado de trabalho na Feira de Santana já são de conhecimento geral: o boom imobiliário, com as milhares de unidades habitacionais construídas no município nos últimos anos, vem absorvendo um número significativo de trabalhadores.
A Feira de Santana também vem se tornando atrativa para o comércio e os serviços. Desde 2007 grandes redes atacadistas vem abrindo filiais na cidade, gerando empregos; bares, restaurantes e segmentos ligados ao entretenimento também crescem, impulsionados pela renda excedente da população; e há o polêmico dinamismo advindo das políticas de transferência de renda, cujos efeitos são altamente positivos na economia real.

Perspectivas

O noticiário econômico aponta para um 2013 menos difícil que 2012, pelo menos por enquanto. E os primeiros sinais da atividade econômica são, até aqui, realmente mais promissores. Resta saber se os níveis atuais serão mantidos e se novos solavancos não virão da Europa mergulhada na recessão.
 E a Feira de Santana nesse cenário de imensas incertezas? Não restam dúvidas que a cidade experimenta um ciclo virtuoso em termos de geração de emprego e renda. Mas isso significa, apenas, a recuperação parcial de tudo que foi perdido com a prolongada estagnação dos anos 1980/1990.
 O fato é que, cada vez mais, gerar emprego vai exigir a disponibilidade de mão de obra mais qualificada na Feira de Santana; capacidade de atrair investimentos em setores promissores, como os que envolvem tecnologia; e mobilização política para a captação de investimentos públicos e privados.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Parlamento não digere a democracia virtual

A tentativa do Congresso Nacional de cercear a liberdade de opinião através da Internet é ao mesmo tempo preocupante e alvissareira. Preocupante por motivos óbvios: trata-se de mais uma ingerência – ou tentativa – da classe política de cercear a liberdade de opinião que a Constituição de 1988 prevê e que, até recentemente, era exercida apenas pelos poucos “privilegiados” que tinham acesso aos meios de comunicação convencionais, como jornais impressos, emissoras de rádio e televisão. Por outro lado, é alvissareira por dois motivos: primeiro porque o acesso e o uso da Internet como meio de comunicação no Brasil vem se difundindo, alcançando dezenas de milhões de brasileiros que integram o universo de “incluídos digitais”. Segundo, porque a expansão já causa imensa preocupação na Câmara e no Senado, onde se tenta forjar amarras inúteis no longo prazo. Semana passada a ingerência e a incompreensão do que representa o fenômeno da Internet eram visíveis através das imagens da TV Senado:

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada feira-livre que mobilizava comerciantes e consumidores da região. Isso na época em que não existia a figura do chefe do Executivo, quando as questões administrativas eram resolvidas e encaminhadas pela Câmara Municipal.           

“Um dia de domingo” na tarde de sábado

  Foi num final de tarde de sábado. Aquela escuridão azulada, típica do entardecer, já se irradiava pelo céu de nuvens acinzentadas. No Cruzeiro, as primeiras sombras envolviam as árvores esguias, o casario acanhado, os pedestres vivazes, os automóveis que avançavam pelas cercanias. No bar antigo – era escuro, piso áspero, paredes descoradas, mesas e cadeiras plásticas – a clientela espalhava-se pelas mesas, litrinhos e litrões esvaziando-se com regularidade. Foi quando o aparelho de som lançou a canção inesperada: “ ... Eu preciso te falar, Te encontrar de qualquer jeito Pra sentar e conversar, Depois andar de encontro ao vento”. Na mesa da calçada, um sujeito de camiseta regata e bermuda de surfista suspendeu a ruidosa conversa, esticou as pernas, sacudiu os pés enfiados numa sandália de dedo. Os olhos percorriam as árvores, a torre da igreja do outro lado da praça, os táxis estacionados. No que pensava? Difícil descobrir. Mas contraiu o rosto numa careta breve, uma express