Pular para o conteúdo principal

Panorama da Economia Feirense



               

Apesar dos problemas que a Feira de Santana vem enfrentando com a prolongada seca que se arrasta desde meados de 2011, o município vive um bom momento econômico. Isso quando se olha em perspectiva, entre os anos de 2005 e 2010, período em que a recente estiagem ainda não tinha começado. Em linhas gerais, o Brasil evoluiu bem no período e a Bahia também, mas a Feira de Santana tem desempenho melhor. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e representam valores correntes, sem descontar a inflação.
                Entre 2005 e 2010 o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas na Feira de Santana, deu um salto: cresceu 82%, passando de R$ 3,4 bilhões para R$ 6,3 bilhões. Isso representa mais que o desempenho da Bahia, cujo PIB se expandiu 50,8% no mesmo período. Com essa performance, a participação do município na economia do estado cresceu, passando de 3,84% para 4,64%.
                Parte do avanço se deve à indústria: o setor dobrou de tamanho, crescendo 100,9% em cinco anos. Também nesse quesito o desempenho do estado foi mais modesto: 38,4%. Parte do desempenho é facilmente explicável: novas indústrias foram implantadas e entraram em funcionamento no período, contribuindo para o crescimento do setor.
                Os serviços também cresceram muito e mais que a Bahia: a taxa de expansão atingiu 85,1%, superior aos 66,7% do estado. Vale ressaltar que os serviços representam metade do PIB feirense: 50,9%, contra 23,6% da indústria. Somente a agricultura perdeu espaço no período, recuando 0,4%, bastante aquém dos 39,4% de crescimento alcançados pelo estado.
                Mercado de Trabalho
                O crescimento econômico, obviamente, se reflete no desempenho do mercado de trabalho no período. Em 2010, o desemprego era um problema para 10,4% dos feirenses, quase o mesmo percentual registrado na Bahia (10,7%) e bem mais que a média brasileira (7,4%). O desemprego, portanto, segue sendo um desafio para a economia feirense, mas há outros problemas observados.
                O mais urgente deles é o baixo grau de formalização dos trabalhadores. Somente 40,4% tinham carteira de trabalho assinada. 23,3% não tinham registro em carteira e outros 23,9% atuam por conta própria. No total, o município dispunha em 2010 de um estoque de 103,9 mil empregos formais, soma 65% superior à de seis anos antes.
                Por falar em remuneração, a renda média do trabalhador feirense não é grande coisa: R$ 1.126,04 em 2010. As desigualdades de gênero são gritantes: enquanto os homens recebiam R$ 1.377,86, as mulheres recebiam ínfimos R$ 869,16, em média. Os homens, portanto, recebem 58,53% a mais que as mulheres.
                Perspectivas
                Os números acima mostram que a economia feirense não vai mal. Ao contrário: registra indicadores superiores aos da Bahia e do Brasil. Mesmo assim, muitas dificuldades precisam ser superadas para reduzir desigualdades no mercado de trabalho. É o caso da elevada informalidade reinante no município; e a perversa discrepância de rendimentos entre homens e mulheres.
                É necessário, porém, entender a dinâmica da economia feirense: até onde os investimentos no setor industrial vão continuar? Que políticas adotar para superar as desigualdades? Como fortalecer a atividade agrícola, permitindo que ela contribua para o desenvolvimento do município?
                Se pretende continuar crescendo, é mais do que óbvia a necessidade de se melhorar a educação no município. Não apenas a Educação Básica, cujos resultados são mais demorados, mas também na educação técnica, permitindo que mais feirenses acessem o  mercado de trabalho e mantendo o município atrativo para novos investimentos.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada fei...

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da...

O futuro das feiras-livres

Os rumos das atividades comerciais são ditados pelos hábitos dos consumidores. A constatação, que é óbvia, se aplica até mesmo aos gêneros de primeira necessidade, como os alimentos. As mudanças no comportamento dos indivíduos favorecem o surgimento de novas atividades comerciais, assim como põem em xeque antigas estratégias de comercialização. A maioria dessas mudanças, porém, ocorre de forma lenta, diluindo a percepção sobre a profundidade e a extensão. Atualmente, por exemplo, vivemos a prolongada transição que tirou as feiras-livres do centro das atividades comerciais. A origem das feiras-livres como estratégia de comercialização surgiu na Idade Média, quando as cidades começavam a florescer. Algumas das maiores cidades européias modernas são frutos das feiras que se organizavam com o propósito de permitir que produtores de distintas localidades comercializassem seus produtos. As distâncias, as dificuldades de locomoção e a intermitência das safras exigiam uma solução que as feiras...