A frase acima
permanece em alguns muros da Feira de Santana, embora já se desfazendo pela
ação do tempo. Mãos desconhecidas promoveram a pichação lá pelos idos de 2011,
quando um ônibus foi incendiado na UEFS em circunstâncias nunca esclarecidas. Apesar
do inquérito policial instaurado, nunca se soube quem ateou fogo no veículo e a
mando de quem. O episódio deu origem a inúmeros comentários. O mais recorrente
atribuiu o gesto a manifestantes – talvez estudantes – inconformados com o
reajuste no valor da tarifa. Como os autores nunca foram identificados, o
mistério permanece.
A
expressão “Fogo no Buzu”, no entanto, continua atualíssima nesses primeiros
dois meses de 2013. Afinal, dois ônibus pegaram fogo na cidade num intervalo de
apenas 50 dias. No episódio mais recente, as chamas começaram no exato momento
em que o veículo passava em frente à Prefeitura Municipal, no trecho da Avenida
Senhor dos Passos. O que restou foi apenas a carcaça fumegante.
Nas
duas ocasiões faltou pouco para acontecer uma tragédia de grandes proporções,
já que havia passageiros nos veículos. Segundo noticiou a imprensa, o ônibus
que queimou em frente à prefeitura tinha cerca de 60 pessoas. Como o fogo não
se alastrou com grande velocidade, todos puderam desembarcar, sem registro de
feridos.
É
bom que medidas preventivas sejam adotadas. Se o incêndio acontecesse nos
ônibus sempre superlotados dos finais de tarde na estação de transbordo do
centro da cidade, por exemplo, a Feira de Santana poderia estar chorando hoje
uma enorme tragédia. Não aconteceu, mas, pela freqüência dos incêndios, pode
acontecer.
Aumento
Depois desses dois
episódios, parece óbvio que a prefeitura precisa intensificar a fiscalização da
frota que circula pelo município. Principalmente porque, como todos sabem, os
veículos são quase todos muito velhos e podem ser vistos quebrados com espantosa
freqüência, inclusive no centro da cidade.
Mais do que
verificar a situação dos ônibus antigos, porém, é necessário estabelecer metas para
renovação da frota. Obrigado a desembolsar R$ 2,50 a cada viagem, o feirense
vive aporrinhado circulando em veículos velhos e sujos e ainda precisa,
adicionalmente, se preocupar com os incêndios que estão se tornando banais.
No
mês de abril costuma haver reajuste no preço da passagem. Sempre em datas
próximas da Micareta, para inibir manifestações contrárias, conforme a
estratégia já bastante conhecida. Depois desses incêndios e das reiteradas
ocorrências de defeitos que causam transtornos, sobretudo no centro da cidade,
parece razoável a idéia da prefeitura poupar o bolso do contribuinte de mais um
bote.
Manifestações
Em textos
anteriores comentamos que o enredo do aumento da passagem parece novela, pois
sempre aparece um elemento novo para confundir a trama cujo final sempre é
infeliz para o passageiro. Afinal, os aumentos são quase tão previsíveis quanto
apostar que a Micareta feirense acontece em abril.
O que deve mudar nesse 2013 é que a famosa
frase “Fogo no Buzu” deixa de expressar a revolta do usuário com os reajustes
injustos e se tornar expressão de pânico para quem precisa descer apressado do
ônibus, diante do risco de ser calcinado e entrar para o rol dos mártires do
transporte público da cidade.
A prefeitura,
no entanto, tem diante de si a possibilidade de transformar esse triste enredo,
anunciando a disposição de intensificar a fiscalização e apresentar à
comunidade um plano que, efetivamente, traga as aguardadas melhorias no
sistema, cuja precariedade se intensifica a cada ano.
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