Demorou, mas o brasileiro – e,
particularmente, o feirense – entrou no ritmo da Copa do Mundo. As
indumentárias verde-amarelas reapareceram inicialmente tímidas, mas nesses dias
que antecedem o início da competição vem se tornando muito frequentes. São
camisetas, bonés, moletons, agasalhos e toucas numa infinidade de modelos
diferentes, com a predominância do amarelo e do símbolo da patrocinadora
oficial da Seleção Brasileira.
Antenados, os camelôs do
calçadão da Sales Barbosa exibem os produtos desde o mês passado. Inicialmente
despertavam pouca atenção: os consumidores lançavam olhares discretos para os
produtos em exposição, mas seguiam adiante, indiferentes. Com os últimos
amistosos e a proximidade da abertura oficial – a competição começa hoje – a
demanda cresceu.
Pelas áreas de comércio popular
– muita gente vende estendendo lonas plásticas nas calçadas ou no asfalto –
podem-se encontrar camisetas até por R$ 10. O uso tende a ser efêmero: vai, no
máximo, até o final da competição, caso a Seleção Brasileira confirme presença
na decisão.
Nos automóveis prevalecem
aquelas bandeiras brasileiras com suporte. É moda antiga, empregada desde a
Copa de 2010. Aliás, não apenas aqui: os vizinhos argentinos também apreciam o
acessório, embora nas cidades brasileiras o uso seja muito mais frequente.
Resta saber se a torcida vai vibrar com a mesma intensidade das copas
anteriores.
Lembrança
dos 7 a 1
As desconfianças, certamente,
se devem à traumatizante goleada aplicada pelos alemães na Copa de 2014,
realizada no Brasil: os 7 a 1 são de difícil digestão e o comportamento da
torcida é natural. Houve, também, os 3 a 0 dos holandeses, na decisão do
terceiro lugar. Caso a equipe vá bem, a tendência é que o entusiasmo se renove
ao longo dos jogos.
Num país cindindo por querelas
políticas, houve quem tentasse partidarizar a desconfiança do brasileiro com
sua Seleção: não faltou blogueiro ligado ao petismo alegando que o uso maciço
das camisetas nas manifestações pelo impeachement
desgastou o maior símbolo do futebol brasileiro. E que o escasso entusiasmo
se deve ao arrependimento ou a outras reações do gênero.
Bobagem: quem anda pelas ruas
vê que quem mais usa a camiseta amarela é a gente do povo, aquela mesma que
tende a votar em Lula, caso ele drible seus enroscos judiciais e possa sair
candidato. Converter essa insegurança futebolística em anseio reprimido por
“Lula Livre” não passa do mais rasteiro oportunismo político.
Muitos pretendem vestir
preto, outros se engajarão na torcida pelo fracasso. É algo que se descola do
sentimento das ruas, do gosto do brasileiro pelo futebol. Classificam-se como
“politizados” e “insatisfeitos” com os rumos do país e julgam que, hostilizando
a principal paixão esportiva do País, vão contribuir para mudar alguma coisa,
transformar o cenário político. Reações do gênero sempre existiram.
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