Finalmente veio a público “Feira”, do jornalista potiguar Jânio
Rêgo, longamente radicado na Feira de Santana. Parto difícil, adiado por um ano
ou mais, mas que chegou de repente, como essas intensas trovoadas aguardadas
com ansiedade pelos sertanejos, que desabam de uma vez. “Feira” começa feliz já
pelo título: não é “a Feira”, mas um mosaico de “Feiras” que, mescladas, entrelaçadas
e, sobretudo, múltiplas e singulares, convergem para se tornar a “Feira” que o
jornalista busca retratar.
O inusitado da obra começa pela estratégia comercial do
autor: nada de noite de autógrafo ou lançamento num desses espaços sofisticados.
Não: “Feira” é produto de feira-livre, artigo de papel, similar aos cordéis que
se veem à venda por aí no meio do povo, entornando a criatividade e a cultura
sertanejas pelas feiras-livres. Então, quem quiser apreciar a palavra de Jânio
Rêgo, que vá à procura da obra no Mercado de Arte Popular, o MAP.
Lá, o livro está em exposição, à venda, na banca de Jurivaldo
Alves, cordelista apaixonado pela Feira de Santana. “É preciso escrever mais
sobre a cidade”, constatava ele, na tarde de ontem (30), enquanto embalava a
mercadoria. Através das portas do MAP era possível ver, na Praça da Bandeira, a
garoa fina sob um teto de nuvens cinzas. E a dedicatória? “Depois você pega com
Jânio”, recomendou o cordelista.
“Feira” reflete bem o
perfil do autor: é mais produto do editor do que do jornalista ou do cronista.
Na obra, há espaço para textos de autores diversos que, ao longo dos últimos
anos, contribuíram com o “Blog da Feira”, matriz da publicação. Está aí o sutil
traço característico do editor, que se dedica mais a selecionar aquilo que é
relevante que, propriamente, à produção, à labuta da redação.
Não que a escrita enxuta e elegante de Jânio Rêgo não se veja
na obra: os textos sobre Caculé e Tieta, a rezadeira do bairro São José do
Cazumbá, por exemplo, são de autoria dele. Um dos pioneiros no jornalismo
digital na Feira de Santana, o novo escritor mantém, há mais de uma década, o
conhecido “Blog da Feira”, leitura obrigatória para quem deseja conhecer a
Feira de Santana e suas gentes.
Arremata o livro uma excelente entrevista com o fundador do
extinto jornal Feira Hoje e atual procurador jurídico da Uefs, Hélder Alencar.
Um grande time foi escalado para a ocasião: além do próprio Jânio Rêgo,
Marcílio Costa – chefe de jornalismo da tevê Subaé – e os jornalistas Everaldo
Goes, Reginaldo Pereira e Elsimar Pondé, dentre outros.
Comentado há tempos, mesmo antes de vir a
público, “Feira” é um dos lançamentos mais aguardados do ano aqui na Feira de
Santana.
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