Amanhã (05) o primeiro
pré-candidato à presidência da República, Guilherme Boulos (PSOL), visita a
Feira de Santana. Vai à Uefs, fazer uma palestra a partir das 18h30. O convite
circula pelas redes sociais. O evento deve atrair público expressivo: é no meio
acadêmico, entre jovens órfãos de lideranças políticas à esquerda, que a
legenda faz mais sucesso.
Guilherme Boulos é
liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto lá em São Paulo, mas o
movimento conta com ramificações em diversos estados. Ele começou a ganhar
protagonismo nacional, ironicamente, a partir da derrocada do petismo e de
Dilma Rousseff, a partir de 2015. Participou da mobilização em São Bernardo do
Campo (SP), após a ordem de prisão de Lula.
Muita gente enxerga
Boulos como um potencial herdeiro de Lula, uma nova liderança de massas. É
jovem, carismático e, hoje, encarna certos ideais da esquerda que foram sendo
abandonados pelo petismo à medida que a legenda se aproximava do poder. Seu
desempenho eleitoral, até aqui, é bem modesto, mas parece que o PSOL está mais
preocupado em preparar seu nome para embates futuros.
Obviamente, Guilherme
Boulos já foi rotulado pela grande imprensa: é “radical”, de “extrema-esquerda”,
que “dialoga pouco”. Alinha-se a Lula (PT), Ciro Gomes (PDT) e transita no polo
oposto ao de Jair Bolsonaro (PSL), que é de “extrema-direita”, mas que também é
“radical” e “dialoga pouco”.
Pairando entre esses
extremos, estão os candidatos de “centro” – Rodrigo Maia (DEM), Henrique
Meirelles (MDB) e Geraldo Alckmin (PSDB) –, que “não são radicais” e
“dialogam”. São os preferidos do “deus mercado”.
É avassalador o
discurso do liberalismo caipira e iracundo que defende a privatização de tudo, a
desregulamentação de tudo – sobretudo dos direitos trabalhistas –, a redução do
Estado e a compressão da carga tributária. Prega-se uma espécie de “paraíso
liberal”, que contraditoriamente se associa a um obscurantista e constrangedor
conservadorismo religioso que lembra hábitos da Idade Média e até do
patriarcado bíblico.
Hoje, o PSOL de Boulos
– e as demais legendas progressistas – tem a missão de construir uma agenda de
esquerda para os próximos anos, contrapondo-se à ofensiva do Leviatã
conservador. Tarefa difícil: o petismo, alvejado, arrastou consigo a esquerda;
houve intensa desmobilização da sociedade, que recentemente pouco lutou pela
preservação de conquistas históricas; e as alianças oportunistas e o
pragmatismo eleitoral interditaram o necessário debate de uma agenda
progressista.
É evidente que o
momento é de refluxo, de avanço conservador. Mas, caso um golpe não revogue a
democracia – hoje trôpega, cambaleando com a rasteira aplicada em 2016 –, se
impõe a tarefa de discutir, de propor caminhos para o Brasil, contrapondo-se à
monocórdia agenda do “deus mercado”.
Certamente será
válido ouvir o que Guilherme Boulos tem a dizer no evento que acontecerá amanhã
na Uefs.
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