A redução no ritmo de
aquisição de veículos novos é uma das formas de entender a extensão da crise
econômica que assola o Brasil nos últimos três anos. Maior cidade do interior
da Bahia e centro pulsante do comércio de automóveis da região, a Feira de
Santana não poderia passar incólume a esse fenômeno. Dados do Departamento
Nacional de Trânsito, o Denatran, disponíveis no site do IBGE, sinalizam para a
redução no ritmo de expansão da frota nos últimos anos. Embora os dados sejam
de 2015, já refletem a desaceleração identificada desde então.
Naquele ano, 243,4 mil
veículos circulavam pelas ruas da Feira de Santana. O crescimento em relação ao
ano anterior foi de 5,8%: a frota total era de 229,9 mil em 2014. Em 2013,
totalizava 213,9 mil, com incremento, portanto, de 7,4% entre esses dois anos,
2013 e 2014.
Nos períodos anteriores
o percentual de expansão era mais robusto: 8,7% entre 2012 e 2013 (cuja frota
totalizava 196,7 mil automóveis) e 10,3% entre 2011 e 2012, quando somava 178,2
mil veículos automotores. Nessa contabilidade total estão incluídos todos os
tipos de veículo (caminhões, ônibus, automóveis, motos, motonetas e
micro-ônibus).
É evidente que, a
partir de 2011, o ritmo de expansão da frota declinou. Essa tendência
acompanhou o desempenho da economia no intervalo: à medida que o Produto
Interno Bruto – PIB se expandia a taxas robustas, havia mais disposição das
empresas para adquirir veículos e dos consumidores para se aventurar
financiando prestações de carros novos.
Crise
No período, os
investimentos das empresas foram mais moderados. Na Feira de Santana, pode-se
observar que o ritmo de expansão da frota de caminhões, por exemplo, foi mais
lento que o de veículos em geral: o total passou de 7,8 mil para 8,9 mil entre
2011 e 2015: 14% apenas; já a expansão da frota, no geral, alcançou 36,5%.
A ampliação da frota de
ônibus, em intervalo idêntico, foi mais expressiva, passando de 1.180 veículos
para 1.440, mas mesmo assim fica aquém do índice total, não indo além de 22,5%.
O impulso na aquisição de veículos particulares foi bem mais significativo. É
claro que muitas empresas também compram automóveis para suas atividades. Mas é
muito evidente que foi o usuário particular que alimentou o boom, também na Feira de Santana.
A isenção de impostos
para a aquisição de automóveis, associada à geração de mais oportunidades de
trabalho e renda, levou à febril expansão do setor automobilístico até meados
de 2014. De lá para cá, os resultados foram sofríveis. Hoje, parece evidente
que a vertiginosa espiral consumista se tratou, na verdade, de mera antecipação
do consumo. Noutras palavras, uma bolha. É o que mostram os resultados
recentes.
O problema não é só o
freio nas novas aquisições. Há, também, a dramática situação de quem financiou
carro novo, perdeu o emprego e ficou sem ter como arcar com a dívida; vários
fazem até transporte clandestino para ir pagando as prestações, mas muitos perderam
seus automóveis adquiridos com muito esforço, em função da inadimplência.
Dados referentes a
2016 só estarão disponíveis mais adiante, em meados do ano. Mas, desde já, fica
a lição sobre a fervilhante festa do consumo no Brasil que, em poucos anos, se
mostrou insustentável e arrastou o país para uma crise dramática.
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