Em texto de ontem (04)
apontamos para a queda no ritmo de expansão da frota de veículos na Feira de
Santana. Eram 178,2 mil em 2011 e saltaram para 243,4 mil quatro anos depois,
em 2015. Entre 2014 e 2015 a taxa de expansão foi de apenas 5,8%. Mas chegou a
10,3% entre 2011 e 2012. Os dados são do Departamento Nacional de Trânsito, o
Denatran. Investimentos na aquisição de ônibus e caminhões também cresceram no
período, mas a percentuais inferiores. Era o tempo em que o brasileiro
alimentava – e investia – no sonho da condução própria.
Quem não tinha tanto
dinheiro para comprar um carro também arranjou um meio de embarcar na onda do
meio de locomoção próprio: comprou milhares de motos e motonetas que circulam
hoje pela cidade. As sucessivas – e intermináveis – crises do transporte
coletivo constituíram um estímulo adicional. Todas as propagandas recomendavam
a realização do sonho.
Assim, em 2011, havia
52,5 mil motocicletas circulando pela cidade. Quatro anos depois, passaram a
70,5 mil, o que representa aumento de 34,2%. Mas essa expansão foi acontecendo
a taxas declinantes: 10,4% no biênio 2011/2012, 8% no intervalo 2012/2013, 6,5%
no período seguinte (2013/2014) e, por fim, 5,2% na virada de 2014 para 2015. É
número expressivo, mas representa praticamente a metade do que se verificava
quatro anos antes.
O desempenho das motonetas
foi mais robusto, mas confirmou a tendência declinante dos demais tipos de
veículos. Entre 2011 e 2015 houve a significativa expansão de 54,3%, passando
de apenas 11,6 mil para 17,9 mil. Ao longo dos anos, o percentual foi declinando:
13,7% (2011/2012), 13,6% (2012/2013), 10,6% (2013/2014) e 7,8% (2014/2015).
Queda
notável
É notável a queda em
todos os segmentos entre 2014 e 2015: é que a crise começou em meados do primeiro
ano, no período das turbulentas eleições presidenciais. E foi se alastrando ao
longo dos semestres, acompanhando o compasso da crise política que se estende
até hoje pelo país. Os números referentes a 2016 – que só devem estar
disponíveis daqui a alguns meses – devem reforçar a tendência de queda.
Junto com a crise e a
redução na compra de veículos, veio a elevação dos preços dos combustíveis.
Esses fatores reduziram o número de veículos em circulação pelas ruas em boa
parte das cidades brasileiras. Feira de Santana, evidentemente, não fugiu a
essa regra. Há tempos que o trânsito já não é aquele do auge consumista da
primeira metade da década.
Até 2015, o feirense
seguia comprando motonetas para se deslocar mais rapidamente e, também, para
escapar do precário sistema de transporte público. Afinal, é o segmento que
seguiu registrando expansão, mesmo muito mais modesta em comparação com quatro
anos antes. O declínio nos demais tipos de veículo foi muito mais significativo.
As montadoras
anunciaram essa semana que, finalmente, houve expansão na produção em relação
ao mesmo mês do ano anterior. É um alento, mas aqueles tempos vividos pelos
brasileiros há alguns anos se tornou um sonho distante. Vai ser difícil
retornar àquela feliz gincana de consumo.
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