Finalmente começou a
chover na Feira de Santana. Ontem (29), pela tarde, caiu uma trovoada intensa.
Durante a madrugada, chuviscou, umedecendo o solo que foi castigado pelo sol
inclemente durante meses infindáveis. Pela manhã, a cidade foi recoberta por
uma extensa camada cinza de nuvens, despejando uma garoa que, em alguns
instantes, ameaçou encorpar, assumir feição de trovoada. Mas ficou nisso e, aos
poucos, o chuvisco foi cedendo, apesar das nuvens escuras permaneceram cobrindo
o céu.
Ontem, a chuva da tarde
foi tão intensa que a afamada serra de São José, no distrito de Maria Quitéria,
se diluiu na cortina d’água. Sequer a silhueta esbranquiçada era visível a
partir da BR 116 Norte. A trovoada encurtou os horizontes. Até os longilíneos
coqueiros das cercanias da estrada diluíram-se, balançando sob o vento que
reforçava o temporal.
Quem sempre transita
por ali estava acostumado às manhãs e tardes incandescentes, que produziam tons
diferentes sobre a serra de São José. A princípio, a luminosidade realçava o
verde da vegetação que foi se rarefazendo com a escassez de chuvas; também se
insinuavam tons azulados, minerais, sobretudo com sol intenso e céu limpo; por
fim, via-se a terra nua, marrom, devastada.
Não foram raros os
focos de incêndio, inclusive no cume da serra. De lá se desprendia uma fumaça escura,
diáfana, que se diluía no céu azul. Mas, ontem, mudou o tempo e a trovoada envolveu
a silhueta da serra de São José. A tarde caiu com uma densidade plúmbea
dominando seus recortes. Coisa rara nos últimos tempos.
Efeitos
As chuvas de hoje
tornaram o asfalto escorregadio, reduziram a velocidade dos veículos e forçaram
os motoristas a circular com faróis acesos. As compridas ruas do Parque Ipê e
do Campo Limpo acumularam água, o que também sempre acontece no centro da
cidade. Não faltaram internautas compartilhando fotos das torrentes barrentas
que escorriam ontem à tarde.
A previsão do tempo
indica que a chuva pode persistir pelos próximos dias. Seria ótimo para
umedecer o solo, vicejar alguma vegetação, reforçar reservas, talvez animar o
trabalhador rural a lançar alguma semente à terra para, quem sabe, ser
recompensado com uma feliz colheita lá adiante. Mas, por enquanto, tudo não
passa de esperança tênue. Afinal, a época das trovoadas finda e chuvas mais
intensas só em meados do ano.
Contrariando a
sabedoria sertaneja, pelo menos por aqui, a chuva não veio até o 19 de março,
data consagrada a São José no calendário católico. De qualquer forma, permanece
a esperança de que as chuvas continuem e, a partir de julho, haja nas ruas e
nas feiras o milho e o amendoim que tanto apetecem o paladar dos feirenses.
A agricultura
familiar é um segmento importante da economia feirense, apesar de sua pouca
visibilidade. Com a hipotética retomada das chuvas, ganham desde o produtor no
campo até a dona-de-casa, que gasta menos nas compras, passando por pequenos
comerciantes e pelo próprio governo, que recolhe impostos.
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