Embora a crise econômica que assola o mundo tenha sido gerada na esfera circunscrita dos grandes financistas e executivos de inquestionável competência, encastelados em edifícios envidraçados dos centros financeiros do primeiro mundo, o fato é que a crise atingiu a todos. Alguns, com mais força, outros com menor intensidade. Na média, em geral, todos saíram perdendo alguma coisa. Basta acompanhar os indicadores econômicos divulgados diariamente e que, quase sempre, registram quedas bruscas na atividade econômica.
Muitos trabalhadores já perderam emprego e, na Bahia, houve fechamento de fábricas e redução no número de empregados em muitas delas. A festejada indústria automotiva baiana nega que vá demitir, mas já anunciou um plano de demissão voluntária. O desemprego nesses setores provoca efeitos em cascata, atingindo trabalhadores empregados em outros setores.
Trocando em miúdos, o saldo negativo entre admissões e demissões provoca redução no ritmo da atividade econômica, menos consumo, menos investimento e reforça as projeções de um Produto Interno Bruto (PIB) menor em 2009. Tudo isso não constitui novidade e o cidadão comum está cansado de saber. Afinal, ele também sofre na própria pele esses efeitos perversos.
Paradoxalmente, quem parece destoar dessa realidade são os ilustres prefeitos baianos. Afinal, reuniram-se em Salvador para cobrar mais dinheiro – inclusive para financiar as festas de São João – e realizarão, pela enésima vez, mais uma marcha para Brasília, hospedando-se em hotéis luxuosos, banqueteando em restaurantes finos e desperdiçando o dinheiro dos contribuintes baianos em atos de eficácia duvidosa.
Noticiário
O noticiário da reunião realizada segunda-feira em Salvador trouxe apenas trivialidades: discursos enfáticos, mas meramente retóricos, a tradicional choradeira extemporânea por mais dinheiro e algumas reivindicações que, sinceramente, deveriam levar os eleitores desses senhores à reflexão. Afinal, parecem desconsiderar que o mundo atravessa uma grave crise econômica e que o povo – e, por consequência, as instituições que em tese o representam - não permanecerão imunes a seus efeitos.
A bandeira do municipalismo surgiu como contraveneno à Ditadura Militar e à excessiva concentração de poderes na esfera federal. Mas, como muita coisa que se seguiu ao fim do regime, houve excessos e não se alcançou a justa medida ainda hoje. No caso da proliferação de municípios – da forma como o país está, com mais de cinco mil municípios – esse ajuste nunca vai chegar. Com crise ou sem crise, com descentralização ou não, sempre haverá pires em mão de prefeito choroso.
Razões
Uma das razões é, evidentemente, o número de municípios no Brasil. Alguns são paupérrimos, sem qualquer atividade econômica relevante; outros – como no Sul do Brasil – tem população muito pequena; outros se aglomeram em espaços reduzidos e, portanto, são economicamente inviáveis; e outros surgiram simplesmente para satisfazer o apetite pelo poder de algum coronel desalojado. Tecnicamente, nenhum município com essas características deveria existir. A solução racional, portanto, é a redução do número de municípios, embora o momento ainda não pareça o mais adequado para discutir a questão.
O problema maior, contudo, parece ser o de gestão. No Brasil não há prefeitos, secretários municipais e vereadores em número suficiente para tocar, com eficiência, tantas cidades. O resultado é o que se vê com frequência: dinheiro público desperdiçado, desvios, gestões incompetentes. O desempenho dos prefeitos baianos na reunião de segunda-feira é apenas uma amostra do que passa Brasil afora.
Infelizmente ainda não amadurecemos o suficiente para discutir essas questões. Quando são levantadas, o bairrismo canastrão, o discurso rasteiro e a ignorância predominante nos grotões impedem qualquer debate produtivo. Sem contar o lobby violento exercido por prefeitos e vereadores nas esferas políticas mais elevadas.
Discursos passionais como os de segunda-feira, revestidos de uma suposta aura municipalista e democrática servem apenas para alimentar a estrutura administrativa ineficiente, cara e inchada prevalecente na maioria dos municípios baianos.
Muitos trabalhadores já perderam emprego e, na Bahia, houve fechamento de fábricas e redução no número de empregados em muitas delas. A festejada indústria automotiva baiana nega que vá demitir, mas já anunciou um plano de demissão voluntária. O desemprego nesses setores provoca efeitos em cascata, atingindo trabalhadores empregados em outros setores.
Trocando em miúdos, o saldo negativo entre admissões e demissões provoca redução no ritmo da atividade econômica, menos consumo, menos investimento e reforça as projeções de um Produto Interno Bruto (PIB) menor em 2009. Tudo isso não constitui novidade e o cidadão comum está cansado de saber. Afinal, ele também sofre na própria pele esses efeitos perversos.
Paradoxalmente, quem parece destoar dessa realidade são os ilustres prefeitos baianos. Afinal, reuniram-se em Salvador para cobrar mais dinheiro – inclusive para financiar as festas de São João – e realizarão, pela enésima vez, mais uma marcha para Brasília, hospedando-se em hotéis luxuosos, banqueteando em restaurantes finos e desperdiçando o dinheiro dos contribuintes baianos em atos de eficácia duvidosa.
Noticiário
O noticiário da reunião realizada segunda-feira em Salvador trouxe apenas trivialidades: discursos enfáticos, mas meramente retóricos, a tradicional choradeira extemporânea por mais dinheiro e algumas reivindicações que, sinceramente, deveriam levar os eleitores desses senhores à reflexão. Afinal, parecem desconsiderar que o mundo atravessa uma grave crise econômica e que o povo – e, por consequência, as instituições que em tese o representam - não permanecerão imunes a seus efeitos.
A bandeira do municipalismo surgiu como contraveneno à Ditadura Militar e à excessiva concentração de poderes na esfera federal. Mas, como muita coisa que se seguiu ao fim do regime, houve excessos e não se alcançou a justa medida ainda hoje. No caso da proliferação de municípios – da forma como o país está, com mais de cinco mil municípios – esse ajuste nunca vai chegar. Com crise ou sem crise, com descentralização ou não, sempre haverá pires em mão de prefeito choroso.
Razões
Uma das razões é, evidentemente, o número de municípios no Brasil. Alguns são paupérrimos, sem qualquer atividade econômica relevante; outros – como no Sul do Brasil – tem população muito pequena; outros se aglomeram em espaços reduzidos e, portanto, são economicamente inviáveis; e outros surgiram simplesmente para satisfazer o apetite pelo poder de algum coronel desalojado. Tecnicamente, nenhum município com essas características deveria existir. A solução racional, portanto, é a redução do número de municípios, embora o momento ainda não pareça o mais adequado para discutir a questão.
O problema maior, contudo, parece ser o de gestão. No Brasil não há prefeitos, secretários municipais e vereadores em número suficiente para tocar, com eficiência, tantas cidades. O resultado é o que se vê com frequência: dinheiro público desperdiçado, desvios, gestões incompetentes. O desempenho dos prefeitos baianos na reunião de segunda-feira é apenas uma amostra do que passa Brasil afora.
Infelizmente ainda não amadurecemos o suficiente para discutir essas questões. Quando são levantadas, o bairrismo canastrão, o discurso rasteiro e a ignorância predominante nos grotões impedem qualquer debate produtivo. Sem contar o lobby violento exercido por prefeitos e vereadores nas esferas políticas mais elevadas.
Discursos passionais como os de segunda-feira, revestidos de uma suposta aura municipalista e democrática servem apenas para alimentar a estrutura administrativa ineficiente, cara e inchada prevalecente na maioria dos municípios baianos.
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