Ninguém
poderá alegar que, na Feira de Santana, as águas de março não estão fechando o
verão: uma forte tempestade desabou sobre a cidade na manhã de hoje (06),
lançando perspectivas promissoras para a safra de inverno. Nuvens muito escuras
despontaram logo cedo na orla do céu e, aos poucos, foram abarcando a amplidão.
Uma luz estranha, baça, destoava da claridade das manhãs habituais. E, pouco
depois, despencou a forte tempestade, que diluiu o horizonte numa espessa
cortina d’água.
Não faltou
gente espantada com a intensidade da tempestade. Aliás, 2020 vem sendo
promissor para a agropecuária na região: em janeiro foram diversos aguaceiros
que ampliaram a reserva hídrica que, na época, costuma estar em situação
crítica. A chuva também vem antes de 19 de março, data consagrada a São José e
que, na sabedoria popular, costuma antecipar invernos bons.
Caso as
chuvas se prolonguem, a colheita de produtos típicos do São João – como o milho
e o amendoim – será mais farta. Para quem vende é alentador: com mais
mercadoria, fatura-se mais, é evidente. Para quem compra também é vantajoso:
mais oferta implica em preços mais em conta. Enfim, a consagrada espiral
virtuosa da economia.
Os espaços
que agregam comerciantes e consumidores – as feiras-livres, o Centro de
Abastecimento, os mercadinhos de bairro – também vão se beneficiar deste
dinamismo. Mas tudo depende da continuidade das chuvas. A sabedoria popular,
porém, é amparada por um conjunto de indícios que estão presentes aí,
animadores.
Assim, nestes
ásperos tempos que o Brasil atravessa, o socorro está vindo de céu: a chuva,
com seus reflexos positivos sobre a agricultura e a pecuária, ajuda a mitigar o
caos social que o País enfrenta. Quem dispõe de pouco e vive no rural tem que
cavoucar a terra e aguardar o auxílio divino, na forma de um inverno farto
porque, dos governos, não dá para esperar muito.
Ironicamente,
o Brasil vive sob o primado de auto-proclamados “cristãos furiosos”. Pelo
jeito, as convicções dessa gente foram forjadas nas passagens bélicas do Velho
Testamento e não nas arejadas páginas dos Evangelhos de Jesus Cristo. Afinal,
não há sabedoria cristã em condenar parte da população à fome. Mas é o que se
vê.
Tabu aqui na
Feira de Santana, a lipoaspiração dos programas sociais – a exemplo do Bolsa
Família – reverbera pouco na mídia e nos meios políticos, mas produz efeitos
danosos na vida de quem está mais vulnerável à pobreza e à miséria. É o caso de
muitos que vivem no campo.
Apoio essencial para quem que vivem nas áreas
rurais, a iniciativa encolhe no Nordeste, vítima da má vontade de Jair
Bolsonaro, o “mito”, que considera a região uma imensa “paraíba”, no sentindo
pejorativo da expressão.
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