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Adiamento da Micareta pode ser inevitável

É muito oportuna a proposta de adiamento da Micareta apresentada à prefeitura da Feira de Santana pela Fiscalização Preventiva Integrada (FPI). A sugestão se deve à epidemia do coronavírus, que começou na China e se espalhou por boa parte do mundo. Aqui mesmo, no município, já foram confirmados dois casos. A Micareta está programa para o período de 23 a 26 de abril. Por enquanto o prefeito Colbert Filho – que, inclusive, é médico – descartou o adiamento.
À primeira vista, pode parecer precipitação adiar a folia feirense. Afinal, até o momento, foram detectados dois casos, conforme se apontou. E todas as autoridades – municipais e estaduais – asseguram que todos os protocolos estão sendo seguidos, que tudo está sob controle. Não haveria razões para pânico, nem para o adiamento da Micareta. Pelo menos até o momento, é bom ressaltar.
A questão é que o próprio Ministério da Saúde prevê que os casos da doença devem crescer “exponencialmente” – a expressão é do próprio ministério – em até duas semanas e meia. É o equivalente a cerca de dezoito dias. Em meados de março, portanto, a doença estaria se aproximando do seu patamar mais elevado. Preocupante, porque estaremos a pouco mais de 20 dias da Micareta.
O mais inquietante, porém, é que o próprio Ministério da Saúde estima que a doença tende a permanecer nesse patamar elevado – um “platô”, conforme expressão técnica – por até oito semanas. A partir de então, os registros começariam a declinar. Note-se que este é o cenário mais desfavorável projetado. Mas é sempre bom considerá-lo.

Precaução é imprescindível

O Brasil vive um momento turbulento demais para que se invista no pânico e no “quanto pior melhor”, que é a estratégia da turma encarapitada no Planalto. É necessário, portanto, tratar da questão do coronavírus com responsabilidade. Mas a precaução é imprescindível, sobretudo porque a rede pública de saúde, no Brasil, claudica com o desmonte sistemático e a falta de recursos que se vê aí.
Assim, talvez lá adiante, se constate que o adiamento da Micareta seja o mais prudente. A festa pode aguardar um momento mais oportuno para acontecer. O que não se pode é colocar a população em risco – sobretudo idosos, crianças e gente com saúde frágil – em nome de uma tradição ou dos lucros dos empresários da folia.
Problema mesmo seriam hospitais superlotados, gente à espera de atendimento nos corredores e, o que é pior, mortes que poderiam ser evitadas. Enfim, a tragédia que o brasileiro se acostumou a ver no dia-a-dia no noticiário. Só que potencializada no contexto de uma grave epidemia.
Os próximos dias vão indicar qual o melhor caminho a seguir. O fato é que, por prudência, muita gente deve evitar a Micareta feirense em 2020, mesmo que o adiamento não ocorra. É o mais sensato: num País presidido por amadores e em que o acesso à saúde é luxo, cada um que cuide de si.
É o que prega a popular “lei do murici”.

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