Pular para o conteúdo principal

Crise brasileira do jeito que o Diabo gosta

A semana começou com a economia mundial sinalizando que pode mergulhar em nova recessão ainda em 2020. A epidemia de coronavírus surgiu na China, se alastrou pelo país e, agora, está se irradiando pela Europa, produzindo a quase completa paralisação das atividades econômicas nas regiões afetadas. O pior é que ninguém sabe quando vai ser controlada. Autoridades chinesas vinham apostando que, até o final de março, o problema estará controlado por lá.
Rusgas entre a Rússia e a Arábia Saudita sobre a produção de petróleo somaram-se às preocupações com o coronavírus e, ontem (09), produziram pânico raro nas bolsas de valores mundo afora. Desde a crise dos subprimes, em meados da década passada, que abalos tão significativos não eram registrados na economia mundial.
No Brasil, o dólar manteve sua tendência de disparada; a Bolsa de Valores de São Paulo despencou 12% e as ações da Petrobras caíram 30%. Hoje (10), depois de tombo de ontem, houve uma melhora moderada nos indicadores. A reação, porém, não indica que se trata de uma mera oscilação que, num par de dias, estará superada. Respeitadas autoridades econômicas mundo afora vêem sinais inquietantes.
No Brasil de Jair Bolsonaro, o “mito”, o coronavírus e o baque nas bolsas mundo afora, porém, não passam de oba-oba da imprensa. Para ele, o vírus “não é isso tudo”. E a queda no preço do petróleo, por sua vez, é melhor que uma alta na cotação. A sabedoria foi destilada lá nos Estados Unidos, para onde ele mais uma vez viajou para cumprir uma descontraída agenda, pelo que se vê no noticiário.
Semana passada veio à tona o “pibinho” de 1,1% de 2019. Desde então, o “mito” tangencia as graves questões econômicas que afligem o País – e, sobretudo, seus desempregados e subempregados – fingindo que os problemas não existem. O desdém é, sem dúvida, um método sui generis de não-resolução de problemas.
O “mito”, pelo jeito, parece mais ocupado em fustigar seus acólitos que planejam uma manifestação para o próximo domingo (15) contra o Congresso e o STF. Os mais delirantes pleiteiam uma intervenção militar. É, no mínimo, pitoresco alguém imaginar que dessa letargia toda que se vê por aí virão ações que vão “endireitar” o Brasil ou “recolocá-lo nos trilhos”, para recorrer à puída metáfora ferroviária.
Mundo afora, as economias começam a inspirar cuidados com os mais recentes – e inquietantes – sinais de recessão. Por aqui, patinamos numa crise que nunca expira, porque a recuperação, até agora, é pífia. E não falta quem siga cutucando Belzebu pretendendo converter o cenário político num verdadeiro inferno.
Pelo andar da carruagem o Brasil vai acabar do jeito que o Diabo gosta...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada fei...

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da...

O futuro das feiras-livres

Os rumos das atividades comerciais são ditados pelos hábitos dos consumidores. A constatação, que é óbvia, se aplica até mesmo aos gêneros de primeira necessidade, como os alimentos. As mudanças no comportamento dos indivíduos favorecem o surgimento de novas atividades comerciais, assim como põem em xeque antigas estratégias de comercialização. A maioria dessas mudanças, porém, ocorre de forma lenta, diluindo a percepção sobre a profundidade e a extensão. Atualmente, por exemplo, vivemos a prolongada transição que tirou as feiras-livres do centro das atividades comerciais. A origem das feiras-livres como estratégia de comercialização surgiu na Idade Média, quando as cidades começavam a florescer. Algumas das maiores cidades européias modernas são frutos das feiras que se organizavam com o propósito de permitir que produtores de distintas localidades comercializassem seus produtos. As distâncias, as dificuldades de locomoção e a intermitência das safras exigiam uma solução que as feiras...