Nem todo
mundo percebeu, mas a democracia no Brasil segue enferma com viés de piora. Para o próximo dia 15 de março estão previstas
manifestações organizadas pelos acólitos de Jair Bolsonaro, o “mito” que ocupa
a presidência da República. Nas mídias sociais circulam convocações que defendem
o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, o STF.
Noutras
palavras: querem fechar o Legislativo e o Judiciário. No delírio autoritário,
restaria o Executivo, comandado pelo “mito”. E os militares exerceriam ampla
ascendência nesse novo arranjo, é claro. Não faltam audaciosos reivindicando
“intervenção militar já”, o que implicaria, provavelmente, na ejeção do “mito”
da cadeira presidencial.
Em qualquer
país civilizado aspirações criminosas do gênero – ou não é crime atentar contra
a democracia? – seriam abortadas no nascedouro. Por aqui, não: há quem encare o
surto autoritário como “zoeira” ou “polêmica” de mídia social, raciocínio
típico de imaturos ou irresponsáveis. Outros, os mais sofisticados, supõem que
se trata de saudosismo de viúvas decrépitas do regime militar.
Matreiro, o
“mito” navega confortável em meio às ondas de instabilidade. Primeiro,
compartilhou um dos vídeos que prega o fechamento do Congresso e do STF. Depois,
espertamente – numa daquelas lives
semanais que mantêm a matilha atiçada – insinuou que a paralisia do governo se
deve ao Congresso, que não aprova seus projetos. E citou dois, que redimirão o
Brasil: o que amplia a validade da carteira de motorista e o que aumenta a
quantidade de pontos para a suspensão do direito de dirigir.
Caso massas
ensandecidas acorram ao chamamento, o “mito” vai se municiar, se almeja
emparedar deputados e senadores, conforme se desconfia. Suas disposições
autoritárias – comuns em inúmeras declarações – serão, portanto, bafejadas.
Aqueles que defendem a cafonice de uma ditadura nos moldes da década de 1960 se
sentirão legitimados para seguir em frente.
Muitos
otimistas consideram improvável uma ditadura nos moldes autoritários defendidos
por parte dos acólitos do “mito”. Julgam que os tempos são outros e que a
comunidade internacional rejeitará uma aventura do gênero. É bom ter cautela,
porque o Brasil sempre figurou na vanguarda do atraso e retrocessos, por aqui,
só surpreendem os desavisados.
Aqueles
dedicados às análises de cenários sabem que será funesto o futuro do Brasil sob
uma ditadura de extrema-direita. Mas, caso a cruzada dos acólitos do “mito”
fracasse, o que virá será desolador: cercado pela patota militar, conduzido por
um magote de incompetentes, refém de múltiplas crises – principalmente política
e econômica – o governo se arrastará, moribundo, até 2022.
Será o fim de linha para o “mito” e a
extrema-direita? Nem tanto: eles seguirão apostando no fantasma do petismo como
trunfo para tentar a reeleição. Surfarão no próprio caos que estão construindo.
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