O Produto
Interno Bruto brasileiro, o PIB, cresceu só 1,1% em 2019. É o que informa o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. O indicador afere a
soma de riquezas produzidas pelo País. Depois do monumental tombo de 2015 e
2016 – quando a retração, somada, alcançou impressionantes 6,8% - a festejada
retomada tem sido muito lenta. Em 2017 e 2018, por exemplo, não foi além de 1,3%
em cada ano.
Parte dos
analistas, pelo que se vê, prefere investir no otimismo e enxergar o lado cheio
do copo que está bem vazio, diga-se de passagem. Alegam que há crescimento pelo
terceiro ano consecutivo. É verdade: mas a expansão é tão pífia que a festejada
retomada – sempre figurando nas manchetes – é, na melhor das hipóteses,
decepcionante.
É necessário
sempre ressaltar que o pior de tudo nem é o resultado em si. É a completa falta
de perspectiva no médio prazo. Protagonista do grande tombo do PIB no biênio
2015/2016, o petê negou a crise enquanto pode; depois que foi apeado do poder,
resolveu brandi-la contra os adversários. Saída para o enrosco criado pela
própria legenda não se viu até agora.
O
crescimento vertiginoso – alavancado por incessantes recursos externos – viria
com a desregulamentação do mercado de trabalho e com a brutal supressão de
direitos dos trabalhadores. Era o que dizia a oposição de ontem que virou a
situação de hoje. Não foi o que se viu: as exaltadas medidas conduziram só a esse
“pibinho” que se vê aí e à legião de desempregados, desalentados e
precarizados.
Medidas como
a liberação de parcela do Fundo de Garantia, o FGTS, cumpriram função cosmética
e são incapazes, por si mesmas, de induzir uma elevação sustentada do consumo.
Sobretudo porque, na direção oposta, o novo regime sufoca o Bolsa Família e
comprime o salário-mínimo, por exemplo. De bom, só a inflação sob controle e a
taxa de juros muito baixa, o que em parte decorre do cenário de estagnação.
Em suma, a
“polarização” que mobiliza essa gincana aspergida com bílis não produz nenhum
tipo de resultado na economia. Nem em nenhuma outra esfera, é bom ressaltar.
Trata-se de uma guerra de torcidas que se limita à desconstrução. Com o Brasil
em frangalhos há muito tempo, porém, é preciso buscar outra direção.
Tudo indica
que, em 2020, mais uma vez, o PIB não vai alcançar nem 2%. É o que sinalizam
projeções das respeitadas instituições financeiras e de organismos
multilaterais. Como desgraça pouca é bobagem, o coronavírus – que está afetando
as expectativas de crescimento da economia mundial – soma-se à insensibilidade
dos sábios do Ministério da Economia para deprimir ainda mais as expectativas.
É longo o impasse econômico que aflige o Brasil.
Pelas ruas, o povo sofre, verga, mas permanece calado. Talvez ainda acredite –
erroneamente – que o interminável calvário se aproxima do final...
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