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População feirense está parando de crescer

Além das eleições municipais, em 2020 deve acontecer o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. Espera-se que, pelo menos, sirva para contar a população brasileira. Afinal, os verdugos da informação e do conhecimento, encarapitados no Planalto Central, têm alergia a qualquer atividade intelectual. E podaram o levantamento, reduzindo o número de questões. Mas – ao que parece – pelo menos preservaram a contagem da população.
Em 2010 a Feira de Santana cravou precisos 556.642 moradores. No levantamento anterior, no ano 2000, foram exatos 480.949 viventes. Ano passado, segundo projeção do próprio IBGE, a população bordejava os 614,8 mil habitantes. Em suma, o ritmo de crescimento vem caindo, acompanhando a tendência observada no Brasil inteiro.
Daqui a cinco anos – em 2025 – a Feira de Santana terá, segundo o mesmo IBGE, 621,7 mil habitantes. Crescimento muito mais lento do que nas décadas anteriores. Lá por volta de 2030 – o que também é uma projeção – serão 626,5 mil pessoas residindo na afamada Princesa do Sertão. Tudo indica que, naquela década, a população feirense vai se estabilizar.
Dois fatores contribuem, essencialmente, para esta tendência à estagnação populacional. Um deles é o evidente decréscimo no número de filhos por mulher. Hoje, no Brasil, o indicador oscila em torno de 2, o que é insuficiente até mesmo para repor a população. Outro fator é a ausência de migração: por aqui, os fluxos migratórios cessaram no começo da década de 1990.

Políticas Públicas

Estas projeções são fundamentais para se pensar a Feira de Santana do futuro. Afinal, tudo indica que a população do município tende a crescer muito pouco na próxima década. Lá adiante, vai se estabilizar. Nunca alcançaremos o mítico milhão de habitantes almejado por alguns. E, talvez, nem os 700 mil moradores das projeções mais realistas.
Pensar a vida na Feira de Santana, a partir daqui, vai exigir que esta tendência seja considerada. Massivos deslocamentos da população – como aconteceu até recentemente com as dezenas de condomínios construídos em áreas fora do Anel de Contorno – não devem se repetir. Pelo menos naquela escala.
Também devem se tornar menos necessários investimentos em infraestrutura urbana nova – água, luz, esgotamento sanitário, pavimentação – porque ruas, avenidas e praças devem surgir com menos frequência. Não deixa de ser um problema a menos, o que vai facilitar a expansão dos serviços para espaços que, ainda hoje, não são devidamente atendidos, sobretudo em relação a esgoto e pavimentação.
A referência aqui é apenas às questões de infraestrutura urbana. Há outras, igualmente essenciais: saúde, educação, assistência social, segurança pública, meio-ambiente, cultura, lazer e por aí vai. Nada vai caminhar sem planejamento. Assim, governantes antenados com a realidade serão essenciais. Só que, quando se vivem momentos de mudanças profundas na sociedade, então, eles se tornam imprescindíveis...

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